Dourados MS

Sem poços suficientes, indígenas consomem água contaminada

Sem poços suficientes para matar a sede, moradores na Reserva Indígena de Dourados apelam à água suja de lagoas e açude, que também servem aos animais. Indignados e, cansados de promessas que nunca se cumprem, lideranças fecharam ontem a rodovia MS-156 entre Dourados e Itaporã. O manifesto pode continuar hoje.

A água barrenta que o líder terena Ernesto Reginaldo Dávila armazenou em uma garrafa de plástico serve para beber e cozinhar. No mesmo açude em que o terena pegou água, mulheres lavam as roupas, enquanto crianças nadam.

Em entrevista, ontem, ao Douradosagora, Dávila contou que muitos indígenas estão sofrendo com doenças infecciosas, por conta da água suja que consomem.

Segundo ele, a chuva carrega vestígios de agrotóxicos para as lagoas, onde também se encontram embalagens de venenos que muitas famílias utilizam para carregar a água contaminada, por falta de opção. "Isso é desumano", arremata o terena.

Outro líder terena, o pastor Valdemir Ribeiro disse ao Douradosagora que as comunidades das aldeias Bororó e Jaguapiru estão sem água há cerca de seis meses.

"Poucas famílias tem o próprio poço; a maioria secou", conta Ribeiro. "Bebem água parada, contaminada e as crianças ficam doentes"; "Se isso acontecesse na cidade, seria calamidade pública", certo?. questiona o líder terena Valdemir Ribeiro.

Os indígenas estão inconformados com a situação das famílias que passam sede e se sujeitam a cozinhar, lavar roupa e beber água parada.

´É, também, o caso do caiuá Nilson Severino Aquino que foi fotografado pelo Douradosagora chegando em casa com dois galões de água da lagoa barrenta, em tambores de 20 litros, que transportava numa carriola. Segundo ele, a água contaminada é a única opção que dispõe para garantir o as refeições da família

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