Numa época em que as pessoas estão cada vez menos preocupadas com o próximo, um soldador morador no bairro Izidro Pedroso arriscou a vida para salvar dois idosos durante incêndio ocorrido na manhã de sábado (8) no Jardim Água Boa, em Dourados. Na ação, ele precisou quebrar portas e ainda enfrentar cães para conseguir retirar as vítimas do local.
Na manhã desta segunda-feira (10), o Dourados News entrou em contato com o homem que realizou o ato heroico, Antônio Marcos Liberte Machado, 42, na serralheria que trabalha há 27 anos.
Ele contou que no dia voltava da casa da sogra, que mora próximo ao local em que houve o incêndio, e percebeu uma criança pedindo socorro. Ao observar, avistou a fumaça que saia de dentro da residência, parou o veículo e entrou no imóvel.
“Na hora que via a criança pensei que fosse brincadeira, mas então olhei e vi a fumaça. Na hora nem pensei. A única coisa que veio na minha cabeça era de entrar e ajudar as pessoas que estavam lá, então abri duas portas para liberar a fumaça e quebrei outra, nesse momento encontrei a senhora, que me disse que havia outra pessoa na casa”, disse em meio a timidez.
Ele conta que o imóvel estava tomado pela fumaça e que o incêndio teve início na sala, queimando sofá, tapete e ainda o aparelho de televisão. Os moradores da casa, Brasília Souza da Silva, 87 e o irmão dela, Felipe Souza da Silva, inalaram muita fumaça e depois de salvos, foram encaminhados para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), para atendimento médico.
“Havia muita fumaça, eu quase não conseguia ficar dentro da casa. Depois que a senhora (Brasília) saiu e foi amparada por populares eu entrei mais três vezes para então encontrar o outro morador que é cadeirante e não conseguia sair. Ele estava em um dos quartos. Depois que o retirei fui perceber que os cachorros tinham mordido meus calcanhares, mas nada grave”, explicou aos risos o soldador.
O fato é que se ele não estivesse entrado no local as vítimas poderiam ter ficado gravemente feridas ou até chegado a óbito, devido a fumaça ou se o incêndio tivesse se alastrado pelos outros cômodos da casa.
“Como disse, nessa hora a gente não pensa, pois todos estamos sujeitos a acidente, vai que um dia sou eu ou minha família que precisa de ajuda, nunca se sabe”, pontuou Antônio Marcos que se refere a esposa e os dois filhos um de 22 anos e outro de 15 anos.
Antônio falou que não teve contato com as vítimas depois do ocorrido, mas que ficou sabendo que eles estão bem.
“Ai a gente fica com vergonha, não os conheço. Eu fiz para ajudar mesmo, não gosto de ficar contatando o que fiz e outras pessoas também ajudaram depois que percebeu o que estava acontecendo e chamaram o socorro”, falou.
Questionado se essa seria a primeira vez que fez o ato heroico, o soldador conta que há alguns anos, durante viagem de trabalho para o estado de Mato Grosso em companhia de mais dois colegas de trabalho, presenciaram um acidente em que o caminhão também estava em chamas e havia uma família no veículo.
“Nós estávamos seguindo para Juína (MT) e fomos os primeiros a passar pelo local do acidente, me lembro que era no Trevo do Lagarto, perto de Cuiabá e então retiramos o casal e uma criança do caminhão até que o resgate chegasse e eles também não tiveram ferimento graves”, contou.
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