japorã

Tropa da Polícia Federal fica 24 horas em área de conflito por terra

Dourados Agora

Decisão da Justiça de Naviraí determina o reforço e policiamento 24 horas da Polícia Federal na Fazenda São Jorge no município de Japorã. A Justiça também determinou a intimação da Fundação Nacional do Indío (Funai) para apurar se as ocupações de terras em Mato Grosso do Sul estão ocorrendo com a colaboração ou omissão do órgão. Índios da Fazenda São Jorge também serão ouvidos.

No local, mais de 370 hectares da fazenda estão sendo ocupados gradativamente desde o último dia 14 por indios guaranis que reivindicam a ampliação da aldeia Porto Lindo Yvi Katu. De lá para cá, de 30 o número de indígenas passou para 320, segundo funcionários da fazenda. Há denúncias de que indígenas vindos do Paraguai estariam reforçando o movimento.

Funcionários da Fazenda se dizem surpresos com a estrutura da invasão que para eles demonstra ser planejada. Um trabalhador da fazenda teria sido mantido refém pelo grupo que estaria dentro e na estrada de acesso à fazenda. A medida da Justiça em reforçar e manter policiamento 24 horas no local atende a um pedido do advogado Felipe Risseti, que representa o proprietário da Fazenda.

Ele disse ao Douradosagora que a situação está ficando insustentável e o clima é tenso, o que motivou a ingressar com a ação para garantir o direito de ir e vir do fazendeiro que estava impedido de entrar e sair da propriedade. Como num primeiro pedido de reforço a Polícia Federal informou que não havia efetivo, a Justiça entendeu a necessidade de determinar um reforço para que os agentes permaneçam no local.

Outra decisão da Justiça determina que a Polícia Federal exerça o papel de prender indígenas que forem flagrados cometendo qualquer dano à fazenda. Segundo ele, em anos anteriores houve um prejuízo de 300 cabeças de gado que desapareceram da fazenda. “Trata-se de um processo transitado em julgado em que a união terá que ressarcir os prejuízos”, destaca, observando que atualmente estão no local 1,5 mil bovinos. Ao todo a defesa já registrou mais de 20 boletins de ocorrência contra a comunidade indígena que teria trancado o acesso à fazenda.

INDÍGENAS

Grupo de indígenas que ocuparam nove fazendas na região de Japorã dizem que não há violência por parte deles nas ocupações. Eles afirmam que a situação ficou insustentável porque a União não mostra celeridade nos processos de demarcação e que esta foi a única alternativa encontrada para chamar a atenção para a situação precária que vive os povos indígenas.

O grupo acusa uma empresa de segurança que teria sido contratada por fazendeiros de efetuar disparos de fuzis e que duas pessoas teriam sido atingidas de raspão. Os guaranis afirmam que a ocupação naquela região já “recrutou” mais de três mil indígenas, que são do Estado mas que se for necessário vão dobrar ou até mesmo triplicar o número.

“Se houver ataque nós vamos resistir. Será uma verdadeira guerra porque se matarem um de nós haverá sangue do outro lado também. Será olho no olho e dente por dente”, destaca. Ao todo são 79 áreas ocupadas por indígenas em MS. Dessas, 21 ocupações ocorreram após o acordo com o CNJ de cessar as invasões. A comunidade indígena afirmou que as novas ocupações ocorrem de forma independente ao acordo .

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