ECONOMIA

Frete mais caro e dólar oscilante faz preço do pão francês aumentar 10% em MS

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A indústria de panificação bem que tentou segurar os preços, mas uma sucessão de fatores adversos levou as padarias de Mato Grosso do Sul a reajustar o quilo do pão francês em 10%. Os novos valores começam a ser cobrados de imediato, elevando a média do custo do pãozinho de R$ 12,50 para R$ 14,02 o quilo, segundo os cálculos do Sindepan/MS (Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de Mato Grosso do Sul), que representa 45 panificadoras de Campo Grande e Três Lagoas.

O presidente do Sindepan/MS, Marcelo Silva de Novaes, explica que o receio de desagradar ao consumidor fez com que os estabelecimentos segurassem o preço final do produto. “Nos últimos 12 meses, reduziram a margem de lucro em até cinco pontos percentuais para que o preço do pãozinho não fosse reajustado”, explicou.

No entanto, o cenário, que já estava crítico diante da instabilidade do dólar e sucessivas altas do trigo na Argentina (principal fornecedor do insumo para as panificadoras), sofreu com o impacto da tabela de preços mínimos de frete, criada pelo governo federal para atender aos caminhoneiros após a paralisação de maio.

“Foi um balde de água fria, porque já tínhamos como fatores atenuantes dos preços o dólar oscilante, o aumento do preço do trigo por causa da seca na Argentina e, agora, aumento do frete que impacta tanto no transporte do trigo quanto no transporte da farinha. Ou seja, uma situação ainda mais difícil para as panificadoras, que já trabalhavam com margens baixíssimas de lucro”, analisou o dirigente sindical e empresário, que mantém uma padaria na Capital.

A fixação do frete elevou os preços acima dos cobrados pelo mercado em vários trajetos. “A nova tabela ainda não é oficial, mas a maioria dos transportadores já começou a incorpora-la e repassar a alta no custo final do frete”, disse Marcelo de Novaes. Diante de demonstrações de descontentamento do setor produtivo brasileiro, o tabelamento do preço do frete, proposto pelo Governo Federal para atender aos transportadores, foi judicializado.

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), marcou uma audiência pública para o dia 27 de agosto para representantes do setor produtivo e dos caminhoneiros entrem em um acordo sobre o preço do frete. A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) defende um preço mínimo a ser praticado, já a CNI (confederação da indústria) e a CNA (da agricultura) propõem uma tabela com preços de referência.

Antes mesmo da paralisação dos caminhoneiros, as empresas do setor sofriam com outro desajuste: a redução da moagem do plantio de trigo no Brasil e a crise na econômica Argentina. “Muitos produtores brasileiros tomaram a decisão de reduzir a área de plantio, em razão das safras anteriores, que não apresentaram bons resultados e, somado a isso, a oscilação da economia na Argentina fez os produtores de lá segurarem a farinha para provocarem aumentos dos preços”, finalizou Marcelo Novaes.

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