O uso de celulares está proibido nas escolas da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, conforme regulamentação publicada no Diário Oficial pelo Governo do Estado. A medida, que segue a Lei Federal 15.100/2025, tem como objetivo reforçar a disciplina e o foco nas atividades pedagógicas, além de promover o bem-estar dos alunos.
A norma, válida desde o dia 6 de fevereiro, determina que os aparelhos devem permanecer desligados e guardados durante todo o período escolar, incluindo os intervalos, salvo em situações excepcionais.
Com a volta às aulas ontem (17/2), as 348 unidades escolares da Rede Estadual receberam mais de 180 mil estudantes em clima de acolhimento e adaptação às novas regras. Na Escola Estadual Presidente Vargas, pais e alunos compartilharam suas percepções com o Dourados News sobre a novidade.
Pais apoiam medida, mas pedem flexibilidade
Para Lucimar Fernandes, agente comunitária de saúde, a medida não causou grandes impactos em sua rotina ou na da filha, Gabriela Maria, de 12 anos.
“Olha, pra mim, eu me adapto às coisas muito fáceis. Se é uma norma da escola, se eu vejo que não vai prejudicar, que a minha filha não vai ter nenhum problema, eu vou aceitar e vamos tentar administrar essa situação. Assim, lógico, tem que ser uma coisa bem definida para todos. Se vai ter um horário específico, ótimo que sejam para todos. Mas na minha casa a gente não tem problema com isso”, comentou.
Gabriela reforçou a fala da mãe e relatou uma experiência tranquila no primeiro dia sem o uso do celular. “Ah, teve mais interações, né”, disse a jovem, destacando que a proibição não interferiu nas aulas. “Na aula não [usei]. Só quando eu saí para ligar para os meus pais”, disse.
Mirely Oliveira da Silva, podóloga, também aprovou a iniciativa. Ela contou que sua filha já havia deixado de levar o aparelho no ano passado e que a regra só reforça um hábito já consolidado.
“Olha, lá em casa já funciona desde o ano passado, ela já não traz mais. Eu acho que vai ser interessante, porque os alunos de hoje estão muito dispersos. Então, com o uso do celular, piora mais ainda. Foi muito interessante, bem válida essa lei”, disse.
Adaptação gradual nas famílias
Apesar da aceitação por parte de muitos pais, houve quem levantasse ressalvas. Aquilino Rodrigo de Matos, que trabalha com manutenção de equipamentos industriais, acredita que a medida é válida, mas questiona a proibição de portar os dispositivos.
“Acredito que seja correto, mas não proibir de trazer o celular. Hoje a gente é muito dependente na comunicação. As vezes não é eu que venho buscar, é minha esposa, então muitas vezes tem que avisar e sem o celular não consegue avisar. Sempre disse para minhas filhas que dentro da sala de aula, não é lugar de usar celular. Concordo em tomar o celular, ter algum tipo de punição, mas não poder portar o celular eu já acho que não concordo”.
Mais interação e menos distração
Para Évila Duarte Almino, que trabalha em escritório de contabilidade, a escola é espaço para estudar e não para brincar ou usar celular.
“Olha, lá na nossa casa, a nossa orientação desde sempre foi estudar. Então, escola é lugar de estudar, não é lugar de ir pra brincar, levar o celular. Se precisa falar comigo ele pode muito bem tentar com a coordenação ou a direção para poder tentar algum contato, no caso de emergência”.
Já Rafael Duarte, 11 anos, filho de Évila, encarou com naturalidade a novidade. “Como eu não levo celular pra escola foi normal. Os professores falaram que não podia usar o celular, e que era para deixar na mochila e não podia usar durante período nenhum”, falou tímido.
Desafios e benefícios
A implementação das novas regras ainda está em processo de adaptação, mas a Secretaria Estadual de Educação reforça que a medida é essencial para o bom andamento das atividades pedagógicas.
Conforme a resolução estadual, a comunicação entre pais e alunos pode ser realizada via coordenação escolar em casos de necessidade.
A proibição busca não apenas melhorar a concentração, mas também incentivar a convivência social entre os estudantes.
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