As circunstâncias misteriosas que rondam o acidente de Fernando Alonso durante os testes de pré-temporada da Fórmula 1 roubaram a cena no último dia de atividades em Barcelona nesta semana. O piloto passará a noite no hospital após sofrer uma concussão em uma batida aparentemente leve. A discrepância entre a violência da batida do espanhol e os cuidados com seu estado de saúde levantaram suspeitas sobre o real motivo do acidente.
Alonso perdeu o controle de sua McLaren na 21ª volta do dia, na saída da curva 3, e bateu no muro da parte interna da pista. A batida foi de lado e só danificou a asa dianteira e os pneus do lado direito. Sebastian Vettel, que vinha logo atrás de Alonso, classificou o acidente de estranho.
“Estava logo atrás de Fernando. Ele não estava rápido, talvez em torno de 150 km/h. De repente ele virou à direita e bateu de lado algumas vezes no muro”, descreveu o alemão.
Alonso permaneceu no carro e foi atendido pelos comissários, que logo acionaram a ambulância. Logo após ser levado ao Centro Médico do circuito, o espanhol foi encaminhado ao hospital, de helicóptero.
A descrição de Vettel e o fato do piloto não ter saído do carro mesmo após um impacto relativamente fraco causaram especulações sobre a real causa da batida. As possibilidades cogitadas vão desde um desmaio até um choque provocado pelas baterias de recuperação de energia do carro. Isso porque a McLaren sofreu, durante os quatro dias de teste, com problemas na vedação do MGU-K, que recolhe a energia cinética proveniente das freadas e a transforma em energia elétrica.
De acordo com um engenheiro, ouvido pela publicação alemão Auto Motor und Sport, uma fuga de energia é improvável. “É muito, muito improvável enquanto o piloto está sentado no carro, ainda que não dê para desconsiderar 100%.” Nas fotos do acidente, percebe-se que as luzes que servem para indicar a comissários e mecânicos que há alguma fuga de energia estavam verdes, indicando que o carro estava seguro.
No hospital, o chefe da McLaren, Eric Boullier, fez questão de rechaçar qualquer especulação, frisando que foi um acidente “normal”. “Nada que vocês estão lendo ou ouvindo além do que estou falando é verdade. Foi apenas um acidente normal”, declarou.
“Felizmente, ele está bem, mas sofreu uma concussão durante o acidente, o que requereu que permanecesse no hospital como precaução. Isso é o procedimento normal depois de uma concussão. Inevitavelmente, algumas reportagens exageraram a severidade do acidente – foi um acidente normal de teste.”
A McLaren divulgou boletim em que garante que Alonso “esteve consciente por todo o tempo” e reafirmou que o espanhol não sofreu qualquer lesão e só permanecerá no hospital por precaução. O bicampeão passou por uma tomografia computadorizada e uma ressonância magnética, que não apontaram qualquer problema.
O empresário de Alonso, Luis García Abad, também negou qualquer anomalia, dizendo que o piloto perdeu o controle do carro devido a uma forte rajada de vento ao final da curva 3. "Desmentimos que ele estivesse passando mal antes do acidente. O carro ganhou aderência, havia um vento tremendo e ele se chocou com o muro", afirmou. "Ele permaneceu no carro porque nesses casos é melhor checar primeiro se está tudo bem e todo o procedimento foi normal para estas situações em que aparecem os alarmes no volante", disse o empresário, referindo-se às luzes que piscam quando o impacto sofrido é forte.
Apesar dos poucos danos no carro, a McLaren decidiu não voltar à pista na parte da tarde. A equipe havia decidido que o cockpit seria ocupado por Jenson Button após o almoço, mas o inglês ficou de fora da sessão. "Apesar do carro não estar muito danificado, a batida foi suficiente para causar estragos na área da caixa de câmbio e da unidade de potência", explicou Boullier.
A falta de quilometragem da McLaren, que conta nesta temporada com um novo motor, da Honda, é fonte de preocupação para a equipe. Com dois terços da pré-temporada cumpridos, o carro ainda não atingiu os 1000km rodados, enquanto a Mercedes já superou a marca dos 11.000km.
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