A cena é simbólica, até engraçada: Dorival Júnior, protegido da chuva no banco do Santos, junta as mãos para agradecer o gol de Lucas Veríssimo, o que garantiu a vitória da equipe por 3 a 2 sobre o Santa Fe no Pacaembu, na última quinta-feira (4), pela quarta rodada da fase de grupos da Libertadores.
A reação se explica pelo cenário complicado que se desenhava aos alvinegros se o empate persistisse.
Com um duelo na altitude de La Paz no horizonte (dia 17, contra o The Strongest), a classificação para os mata-matas ganharia alguma dramaticidade – o Santos terminaria a rodada na segunda posição, atrás dos bolivianos e apenas um ponto acima dos colombianos.
O gol de Veríssimo, o primeiro do zagueiro como profissional, clareou o céu santista. A equipe se manteve na liderança, com oito pontos, e não depende do que acontecer nos Andes para passar às oitavas. Uma vitória nos dois jogos que restam é suficiente, e pode ser na rodada final, na Vila Belmiro, contra o Sporting Cristal, lanterna e de péssima campanha.
Veríssimo fica com a medalha de herói, mas é preciso exaltar Lucas Lima. O meia dita o ritmo da equipe. Em noite inspirada, como a do Pacaembu, movimenta-se por todo o meio de campo, deixa os companheiros na cara do gol e ainda arrisca uma ou outra finalização. É mais fácil vencer quando isso acontece.
É verdade que a zaga do Santa Fe colaborou no primeiro gol, logo com três minutos. Mosquera trombou com um colega e tocou de cabeça para um espaço vazio, para onde Lucas Lima correu, pegou a bola, invadiu a área e rolou para Ricardo Oliveira encerrar um incômodo jejum de 48 dias sem marcar.
O Santos, com Matheus Ribeiro na lateral esquerda no lugar de Jean Mota, suspenso, pressionava os colombianos no campo de defesa, mas deixava muito espaço no meio. Dali, Gómez arriscou de longe e acertou a trave de Vanderlei. No rebote, David Braz e Veríssimo se atrapalharam, e Arango aproveitou para empatar.
Um minuto depois, Lucas Lima, num toque de primeira, deu sua segunda assistência no jogo. Vitor Bueno, na mira da torcida há semanas, desempatou com uma finalização precisa. Numa cobrança de falta da direita, porém, o Santos permitiu nova igualdade num cabeceio firme de Perlaza.
No intervalo, Dorival trocou Matheus Ribeiro por Copete – o lado esquerdo era o menos protegido da defesa. O atacante atuou, de fato, como um lateral, mas assim como o titular, foi discreto.
Com chuva forte, a etapa final continuou movimentada. O Santa Fe até demonstrou intenção de complicar ainda mais a noite santista até os 25 minutos, quando passou a defender o empate. Vacilo: aos 33, Veríssimo desviou bola escorada por David Braz e fez o gol da vitória. Ainda houve emoção, os visitantes tiveram novas chances de igualar, mas não conseguiram.
O resultado alivia uma pressão que sempre esteve presente na Vila Belmiro nesta fase de grupos – a invencibilidade que permanece nunca escondeu atuações ruins do time – e que ganharia o asfixiante "fator altitude" na próxima rodada. O Santos viajará a La Paz mais tranquilo, mas não deve abrir mão de pontos na Bolívia: uma derrota, se não atrapalha os planos de classificação, pode custar a primeira colocação do grupo.
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