O sonho de quase todo atleta de basquete é ir para os Estados Unidos, país berço e destaque da modalidade, e por lá se firmar, conciliando estudos e treinos de alto nível. Quem sabe, um dia, entrar em quadra para representar alguma universidade nas principais competições universitárias americanas e chegar à liga profissional mais badalada do mundo: a Associação Nacional de Basquetebol (NBA, na sigla em inglês), no gênero masculino ou a Associação Nacional de Basquete Feminino (WNBA), no feminino.
A atleta sul-mato-grossense Luana Kelly do Nascimento terá esta oportunidade. Natural de Três Lagoas-MS, ela foi revelada em projeto esportivo da Escola Municipal Parque São Carlos pelo técnico Ronaldo Pires da Costa, um dos contemplados pelo programa Bolsa Técnico, concedido pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte).
Aos 19 anos de idade, a três-lagoense despertou interesse do técnico Jim Turgeon, da Independence Community College (ICC), universidade pública comunitária localizada no Estado do Kansas, e foi selecionada para estudar e vestir as cores da instituição na Associação Nacional de Atletas Juniores Universitários (NJCAA). A liga reúne milhares de desportistas de instituições que oferecem somente os dois primeiros anos de faculdade, as Junior Colleges, e tem expressiva visibilidade no país. A competição é tida como um pontapé inicial, principalmente para atletas bolsistas estrangeiros.
“O convite veio oficialmente agora no mês de setembro. É uma visibilidade incrível, que qualquer garota da minha idade gostaria de receber. É uma oportunidade muito boa de mostrar minhas habilidades e de destacar o basquete feminino brasileiro nos Estados Unidos. Espero me consolidar por lá e fazer grandes jogos, justificando porque fui escolhida”, destaca a sul-mato-grossense.
Devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a temporada da NJCAA começará apenas em janeiro do ano que vem. A expectativa, segundo Luana Nascimento, após a emissão do visto americano de estudante, é chegar em dezembro. “Não vejo a hora de me juntar à equipe”, relata a jovem promessa.
Caminhada de prestígio
Infiltração, defesa e explosão. Essas são as principais características em quadra da três-lagoense, que atua como ala. Luana entrou para o universo do basquetebol aos 13 anos e aprendeu os primeiros fundamentos sob o comando do técnico Ronaldo Pires da Costa, em projeto desportivo realizado na Escola Municipal Parque São Carlos.
Representando a escola de Três Lagoas-MS, venceu o Campeonato Estadual Sub-15 em 2014, organizado pela Federação de Basketball de Mato Grosso do Sul (FBMS). Já em 2015 faturou o título dos Jogos Escolares de Mato Grosso do Sul (Jems), na categoria etária de 12 a 14 anos, competição realizada pela Fundesporte. Por ter sido campeã da fase estadual, a equipe de Luana levou, no mesmo ano, o nome de Mato Grosso do Sul aos Jogos Escolares da Juventude (JEJ), em Fortaleza-CE.
Após se destacar em Mato Grosso do Sul, no ano seguinte a sul-mato-grossense foi convidada a jogar no interior de São Paulo, pelo Tupã Basquete, agremiação que carrega o nome da cidade, distante a aproximadamente 230 quilômetros de Três Lagoas-MS. No Estado vizinho, atuou em competições da federação paulista nas categorias sub-15 e sub-17. Em 2019, transferiu-se para a equipe das Leoas da Serra, de Lages-SC, onde passou a integrar o plantel sub-19 e teve, até então, seu melhor ano em termos de desempenho técnico e físico.
A atleta credita grande parte de sua evolução no basquete ao técnico revelador, que também teve papel fundamental fora das quatro linhas. “O professor Ronaldo Costa foi extremamente importante na minha vida como atleta e pessoa, sempre ensinou um pouco de tudo, os desafios da vida e ajudou a vencer o medo de me aventurar por aí. Foi ele quem instruiu e deu conselhos à minha família quando recebi propostas para jogar longe de casa”, conta.
O treinador de 64 anos, por sua vez, tem a sensação de dever cumprido como profissional de Educação Física e amante do basquetebol. “Me sinto muito orgulhoso de ver onde a Luana chegou, muito pelo seu esforço e dedicação diária. Muitos param no caminho, mas ela nunca desistiu, e isso é muito importante, porque também leva o nome da escola, da cidade e do Estado”, salienta Costa.
Ronaldo Costa é beneficiário do Bolsa Técnico, programa pioneiro no país de valorização ao técnico formador, criado em 2017 pelo Governo do Estado, por intermédio da Fundesporte. Segundo ele, o benefício é um reconhecimento aos profissionais que se dedicam diariamente ao treinamento desportivo em Mato Grosso do Sul. “É um grande reconhecimento a nós profissionais e uma motivação a mais para revelar mais atletas de grande potencial como a Luana, uma menina que veio de escola pública, se destacou e está tendo a oportunidade de buscar seu sonho nos Estados Unidos”.
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