Osmar Loss Vieira, 42 anos, novo técnico do Corinthians. Recém-promovido ao cargo após a saída de Fábio Carille, o gaúcho de Passo Fundo ainda é alvo de muitas perguntas de torcedores – que não o conhecem tão profundamente.
Contratado pelo Timão em setembro de 2013, Loss tem larga experiência no futebol – principalmente na base. Ao longo da carreira, moldou seu próprio estilo e colecionou histórias.
Loss estreia no cargo nesta quinta-feira, contra o Millonarios, às 21h30 (de Brasília), em Itaquera, pela fase de grupos da Libertadores.
Veja 10 curiosidades que você talvez não saiba, ou não se lembre, sobre o novo comandante do Corinthians:
Loss x Guardiola: o primeiro duelo
Osmar Loss tem longa história no Inter – curiosamente, adversário do Corinthians no domingo, pelo Brasileirão. Em 2011, ele viveu seus momentos mais marcantes no clube: enfrentou Barcelona e Milan.
Foi pela Copa Audi, na Alemanha. Em julho daquele ano, o Inter demitiu Falcão, e Loss, que era técnico do time sub-23, assumiu a equipe interinamente até a contratação de Dorival Júnior, quase um mês depois. Isso incluiu o torneio amistoso.
A estreia foi contra o Barcelona de Pep Guardiola (com Iniesta como titular), com empate por 2 a 2 no tempo normal e posterior derrota nos pênaltis. Depois, em disputa pelo terceiro lugar, houve outro empate por 2 a 2 com o Milan, mas desta vez com vitória nos pênaltis. Ibrahimovic e Alexandre Pato fizeram os gols do Milan, que também tinha jogadores como Seedorf, Robinho e Thiago Silva.
Pato, um pupilo
Osmar Loss foi fundamental no surgimento de Alexandre Pato. Em 2006, foi campeão brasileiro sub-20 pelo Inter, e o atacante, com apenas 16 anos, foi artilheiro e melhor jogador do torneio. Meses depois, Pato seria integrado ao elenco principal e, já como titular, seria campeão mundial contra o Barcelona. E, anos depois, jogaria no próprio Corinthians.
A final do torneio conquistado por Loss em 2006 foi em um Gre-Nal, com vitória de 4 a 0 do Inter (um gol de Pato, dois de Luiz Adriano, hoje no Spartak Moscou, e outro do lateral-esquerdo Ramon, que defendeu o Corinthians e está no Vasco). Curiosamente, o goleiro do Grêmio naquela partida foi Cássio.
Timão? Só no terceiro convite
O Corinthians precisou de três tentativas para contratar Osmar Loss. Em 2011, foi convidado para assumir o comando do time sub-17, mas declinou. No início de 2013, quando estava no sub-20 do Internacional, foi novamente chamado – mais um convite recusado.
O casamento só deu certo em setembro de 2013, quando Loss, enfim, aceitou o desafio de comandar a equipe sub-20 do Timão.
– No início deste ano, o Corinthians, através de sua direção, conversou comigo sobre a possibilidade de assumir um projeto. Mas estava em começo de temporada e não havia como fazer. Agora, após quase nove meses, estou tendo essa oportunidade que, para mim, é muito importante. O Corinthians é um grande clube e espero poder devolver o carinho que estou recebendo – disse Loss, em sua chegada.
Estilo linha dura
Loss implantou rapidamente seu estilo na equipe sub-20. Acostumado a ser disciplinador desde os tempos de Inter, ele forjou a maioria dos talentos corintianos que subiram aos profissionais – desde Malcom, hoje estrela no Bordeaux, da França, até os agora titulares Mantuan e Pedrinho. E Maycon, claro, um dos pilares da garotada.
Um dos maiores “problemas” de Loss na base foi Marciel, volante talentoso, mas com questões extracampo que atrapalhavam seu desempenho. O novo técnico do Corinthians foi responsável por colocar o jogador no eixo e fazê-lo figura fundamental na conquista da Copa São Paulo de 2015 – nos profissionais, chegou a ser titular, e hoje defende a Ponte Preta.
"Gelo" em Pedrinho
Com a joia da base corintiana, a questão foi dentro de campo. Franzino desde que começou a jogar futebol, ainda em Maceió, o meia-atacante não conseguia fazer a recomposição no meio-campo quando o Timãozinho perdia a bola. Loss avisou que, se ele não criasse essa consciência tática, não jogaria em lugar algum. Até sinalizou que o tiraria do time. O "gelo" deu certo.
Quem contou foi o atual técnico do sub-20, Dyego Coelho, em entrevista ao GloboEsporte.com no ano passado:
– Tudo o que falavam dele era numa frase que incomodava bastante a mim e a o Loss: "Ele não tem condições físicas de fazer transição entre ataque e defesa". Numa reunião lá no Sul, o Loss falou para ele: "Ou você faz esse tipo de jogo, ou não joga em lugar algum". Qualidade ele já tinha, mas se não fizesse a parte ruim, não iria jogar. Depois, deslanchou.
Rei de Copas... Ou Copinhas
Osmar Loss transformou a base do Corinthians. Além de revelar atletas ao profissional, montou um time praticamente imbatível, principalmente na Copa São Paulo.
Em quatro edições de Copinha sob comando dele, o Timão tem dois títulos e dois vices. São 34 jogos, com 31 vitórias, dois empates e só UMA derrota, para o Santos, na decisão de 2014.
No total pelo sub-20: 147 jogos, 95 vitórias, 28 empates e 24 derrotas. Além das Copinhas, Loss conquistou um Brasileiro da categoria (2014) e dois Paulistas (2014 e 2015).
Tour pelo interior
Depois de passagens discretas pelo Juventude e pelo próprio Inter, onde foi referência na base, Loss teve sua maior experiência como técnico principal no Bragantino.
Foram apenas três meses, de abril a julho de 2015. Ele chegou como fruto de uma parceria com o Timão e levou seis jogadores: André Vinícius, Pedro Henrique (ele mesmo, atual reserva da equipe principal), Moisés (o lateral-esquerdo), Zé Paulo, Brayan Riascos e Gustavo Tocantins.
No fim, não deu muito certo. Resultados ruins na Série B do Brasileirão custaram o emprego do técnico, que voltou à sua função original no Corinthians.
O "cara" do presidente?
Loss subiu para a comissão técnica do profissional depois do título da Copinha de 2017, contra o Batatais. A ótima relação com Andrés Sanchez, que à época não tinha cargo no Corinthians, fez Fábio Carille e seus pares receberem o novo colega com certa resistência.
A impressão era de que Loss poderia servir de sombra a Carille num momento do trabalho em que o técnico ainda não estava consolidado, durante a campanha do Campeonato Paulista.
O sucesso do time, os títulos estadual e brasileiro e o trabalho diário aproximaram os integrantes da comissão técnica. Carille deixou o clube cheio de elogios a Osmar Loss.
Licença para treinar
No fim de 2016, ainda quando era técnico do sub-20, Osmar Loss admitiu ao GloboEsporte.com o sonho de chegar ao profissional como treinador principal. Estudioso, concluiu a Licença A na CBF em 2018.
– Não tem como não ser objetivo: todo treinador de base quer chegar ao profissional. Estou a cada dia mais conhecendo o Corinthians, sua política, estrutura e parte administrativa. Entendo a parte funcional do clube e, se um dia, no futuro, acharem que mereço uma oportunidade, estarei muito mais preparado do que quando cheguei. É oportunidade – disse Loss.
Churrasco e futevôlei
Como bom gaúcho, Loss é bom na churrasqueira, dizem seus pares no Corinthians. Nas horas vagas, gosta de jogar futevôlei ao lado de Coelho, Marcos Soares (técnico do sub-17) e Luciano Netter (auxiliar do sub-11). É fã da banda U2.
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