O Bonito Cross, competição de trail run (corrida de trilha), mountain bike e dualthlon (pedal e corrida), programado para os dias 16 e 17 de fevereiro na área rural de Bonito, distante 279 km de Campo Grande, terá na participação feminina uma referência importante para o crescimento do esporte de aventura em Mato Grosso do Sul.
Ainda não é possível estimar o pelotão de mulheres nas trilhas do Bonito Cross porque as inscrições vão até o dia 20 deste mês, e quem vai cruzar a reta de chegada em primeiro lugar, impossível prever, nem é a parte mais importante, mas é certeza, desde já, que as mulheres vão fazer a diferença.
Na avaliação dos organizadores, a presença feminina será maciça nas três modalidades. A estimativa otimista tem a ver com o número cada vez maior de mulheres sul-mato-grossenses no universo dos esportes de aventura, e também com o fato de Bonito ser um local perfeito para desafiar os próprios limites em meio a natureza.
“Eu já estou inscrita. Bonito pra mim é o que há em termos de ambiente natural. Correr lá significa integração de forma absoluta com a natureza e o meio ambiente. É se tornar parte do todo. É como se não houvesse separação entre homem e natureza”, disse a advogada Christiane Novaes de Souza, a Cris, que disputou sua primeira corrida de trilha no Pantanal Extremo de 2015, em Corumbá.
Desde então, disse Christiane, as corridas de trilha passaram a fazer parte da sua vida, tanto que já no ano seguinte ela venceu a prova dos 15 km no Desafio Inferninho 2016, em Campo Grande. “Corrida de trilha sempre me encantou por vários aspectos. Pela variação de terrenos, por trabalhar músculos que não trabalhamos nas corridas de asfalto, pelo contato direto com a natureza, pelas paisagens, mas sobretudo pelo desafio e a sensação de superação que só a trilha proporciona, muito mais que as corridas de asfalto”, comentou.
Se até o início da década de 1980 as mulheres no Brasil não eram bem vindas em corridas de rua, sob a alegação de que o corpo feminino não tinha força e resistência, o cenário hoje é bem diferente. Depois que a carioca Eleonora Mendonça quebrou a barreira do preconceito como a primeira brasileira a correr uma maratona olímpica (Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles), a realidade mudou e elas já são presença garantida não só em provas urbanas, mas também em meio a natureza, onde um dos grandes desafios é não conhecer o percurso, se o que vem pela frente é subida, descida, poeira ou lama.
“Guardadas as devidas proporções naturais e fisiológicas, as mulheres hoje competem em pé de igualdade. A vantagem que vejo é meramente fisiológica. Homens com pouco tempo de treinamento conseguem correr igual a mulheres que treinam há mais tempo, mas fora esse aspecto não há mais qualquer distinção. Conheço mulheres que fariam homens chorar em qualquer prova de trilha”, disse Christiane.
Sem limites - No Bonito Cross, primeira competição do calendário dos esportes de aventura de 2019 em Mato Grosso do Sul, todas as modalidades estão abertas ao público masculino e feminino, e a corrida de trilha terá percurso de 12,2 km. Nas outras provas os percursos serão de 5 km + 21,5 km de bike + 1,3 km de corrida (duathlon) e 61,7 km, 39 km e 31,8 km (mountain bike).
“Não limite seus desafios, desafie seus limites”. O lema que tem tudo a ver com o Bonito Cross, e soa como mantra neste momento de autonomia feminina também nos esportes de aventura, é da fisioterapeuta Ana Maria Camargo. Para ela é uma espécie de norma de vida. “Exatamente”, frisou Ana, que estreou nas corridas de trilha no Trail Run Serra da Bodoquena de 2017 e cravou um honroso terceiro lugar na classificação geral.
Ela conta que era ativa participante de corridas de rua e optou pelas trilhas quando fez caminhada com alguns amigos no Morro do Ernesto, uma propriedade rural de 960 hectares localizada a 20 km do centro de Campo Grande. “Nunca mais larguei, me apaixonei”, disse Ana Maria Camargo, que no seu dia a dia é professora de pilates e integra uma equipe de MTR Mountain, especializada em assessoria esportiva para corridas de trilha e montanha.
Com treinos intercalados em três a quatro dias na semana, dois deles no Parque das Nações Indígenas e uma trilha no final de semana, Ana Maria busca quebrar seus próprios limites em cada prova. “Tenho lesões nos pés, herança das corridas de rua, mas quero completar todos os meus desafios em 2019”, declarou.
Sobre participar do Bonito Cross, Ana Maria avalia que é um privilégio correr em um lugar exuberante e com tanta beleza natural. “Legal que Bonito está logo ali. Como dizemos durante os treinos, Bonito está no nosso quintal de casa”, comentou.
Já para a veterinária Nandi Maiala Prestes Simon Garcia, o universo das provas de aventura é como se fosse a sua própria casa. “Sempre gostei do mato, fui criada em fazendas, beira de rio e em cima de árvores. Sou veterinária de animais de grande porte e isso faz com que eu fique ainda mais próxima da natureza, então corridas em trilhas só acrescentaram mais prazer em minha vida”, afirmou.
Apesar da intimidade com a natureza, só há dois anos Nandi descobriu o esporte de aventura ao participar de um passeio com o marido e um grupo de amigos para conhecer as cachoeiras do Céuzinho, a 15 km do centro de Campo Grande, um lugar de trilhas e belas quedas d’água, vizinho do Inferninho.
“Neste dia tomei a decisão de procurar um grupo de corrida de trilhas e praticar esse esporte. Desde então já participei do Trail Run Serra da Bodoquena, que é próxima de Bonito, e foi maravilhoso. Em Bonito eu tenho certeza que será melhor ainda, porque as belezas e energias que queremos, lá encontramos de sobra”, acredita.
A disputa de trail run vai abrir o Bonito Cross no sábado, dia 16 de fevereiro, com largada às 7h30, e as provas de MTB e Duathlon serão disputadas no domingo, dia 17, com largadas às 7h30 e 7h45, respectivamente. Nos dois dias de provas a concentração dos atletas na Praia da Figueira começará às 7h da manhã com o fechamento da arena às 7h15 para os últimos preparativos de largadas. A inscrição pode ser feita no site oficial do evento - http://bonitocross.com.br/
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