A opção por formar duas equipes casou bem com o momento do Flamengo. Além de rodar o elenco e dar tempo extra de descanso e treino aos jogadores, é uma forma de colocar os badalados reforços para jogar, sem sacar do time quem já vinha jogando. Com a adaptação, no entanto, aos poucos vai chegando a hora de definir os titulares. Daí o dilema de Abel.
Vitinho ou Bruno Henrique? Diego ou Arrascaeta? Não são poucas as opções, especialmente no setor ofensivo. O treinador, ao menos no início do trabalho, não pretende abrir mão de dois volantes, o que reduz ainda mais o espaço para tantas as estrelas.
- Hoje, sinceramente eu não sei. Mas já falei para os jogadores que estou começando a pensar em misturar um pouco – avisou o treinador.
Vai ser difícil encaixar todo mundo. Bons jogadores vão sobrar. A ideia do Flamengo é justamente essa, ter um elenco forte, não apenas um time titular, especialmente na reta final da temporada, quando o calendário aperta com jogos decisivos, em mais de uma competição.
Com que ataque eu vou?
A questão do momento é: Bruno Henrique ou Vitinho? Dois grandes jogadores, contratados a peso de ouro e que jogam pelo lado esquerdo do ataque. O primeiro está em alta após dois gols na estreia contra o Botafogo. Mas o camisa 11 não pode ser descartado.
O ex-santista se mostrou um atacante agudo, de velocidade, mas também com faro de gols. Características diferentes das de Vitinho, que é bom finalizador, vai bem no um contra um, mas costuma centralizar mais o jogo.
- Temos que analisar quantas vezes o Bruno Henrique recebeu em condições de pegar o zagueiro mano a mano. Ele tem uma cultura tática mais interessante. Posso te garantir que foi o primeiro nome que pedi quando fui contratado com o Flamengo. Estou muito satisfeito com ele, e mais ainda com o Vitinho, que foi o jogador que mais vibrou com o gol - desconversou Abel.
Jogo de xadrez
A possibilidade de aproveitar os dois juntos está descartada? De forma alguma. Abel gosta de dois extremos de velocidade, e não estranhe se o treinador testar em breve um deles na direita. O “problema”, neste caso, é Everton Ribeiro. Apesar de não ser um jogador agudo, o camisa 7 é muito técnico, cresceu de produção pela direita e hoje é inquestionável, apesar de ter tido a atuação no clássico criticada por Abel. O que pode levá-lo a ser testado centralizado.
O meio, no entanto, não é exatamente uma posição carente no Flamengo. Diego tem reinado na articulação, mas terá a concorrência de Arrascaeta. Maior investimento da história do clube, o uruguaio foi contratado para ser titular. Ele não entrou contra o Botafogo, mas deve começar na terça, diante do Boavista. Ele também pode (e gosta) de atuar pelos lados. O que tende a acirrar ainda mais a disputa pela esquerda.
E o homem-gol?
Gabriel Barbosa pode atuar como centroavante ou pelos lados. O congestionamento de atacantes, no entanto, deve levá-lo a jogar centralizado. Badalado, foi contratado para jogar. Mas terá concorrência. Abel Braga gosta muito de Uribe.
O colombiano, certamente, é um dos que mais ganhou pontos na Flórida. Voluntarioso, agrada Abel, mas não é exatamente o goleador que a torcida tanto sonha. Não marcou, por exemplo, em três jogos do Carioca. Até por isso Gabigol desponta como favorito à posição, apesar de ainda não ter iniciado com o time principal. Dourado e Lincoln, hoje, correm por fora.
Absolutos
Na "volância", Cuéllar e Arão, por ora, parecem absolutos com o treinador, que não planeja abrir mão de dois jogadores na função. Abel também tem apreço por Piris da Motta. É possível que chegue mais um jogador para a posição, especialmente após a saída de Ronaldo, envolvido na negociação de Bruno Henrique com o Santos.
Defesa muda nomes e forma de jogar
A disputa na zaga está aberta. Em um primeiro momento, Léo Duarte perdeu espaço na equipe principal. Rhodolfo e Rodrigo Caio estão um pouco à frente. Mudaram nomes e a forma de jogar.
Abel Braga decretou o fim da linha de impedimento, faz testes e ajustes no setor - ainda sob desconfiança na temporada. O time sofreu gols nos três jogos disputados no Carioca. O treinador se diz satifeisto, mas cobra mais atenção. Além disso espera por mais um zagueiro experiente e inquestionável para fechar o setor. Dedé, Miranda e Kanemman foram tentados, mas as negociações não foram adiante.
- Tenho ficado realmente muito satisfeito. Especialmente porque o zagueiro do lado oposto da bola não tem ficado em linha para não proporcionar o lançamento. Raramente existe impedimento do ataque adversário, não queremos isso, não queremos bola na vertical nas costas da nossa defesa. E temos isso muito bem. Agora, falta um pouco mais de concentração, entrar um pouquinho mais ligado - alertou Abel.
Nas laterais, os mesmos nomes e disputas de 2018. Renê, por ora, é soberano na esquerda, embora Trauco tenha tudo para receber mais chances por conta do rodízio. Na direita, Pará largou na frente de Rodinei, mas a disputa está aberta, como acontece desde 2016. O clube ainda busca um nome para o setor, tem alvo definido e bem encaminhado. A diretoria costura acordo com Rafinha. Ele chegaria, no entanto, apenas no meio do ano, após o término do contrato com o Bayern de Munique.
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