UOL
Com Luis Suárez decisivo como nunca, o Barcelona jogou o que se esperava dele e venceu o Manchester City por 2 a 1, fora de casa, no jogo de ida da Liga dos Campeões. A vitória na Inglaterra reafirma o poder do trio de ataque do time catalão e dá um brilho único ao atacante uruguaio, pela primeira vez decisivo em um jogo grande na atual equipe.
O resultado permite que o Barcelona até empate no jogo de volta, no Camp Nou, em 18 de março. A vantagem só não foi maior porque Lionel Messi, no último minuto, perdeu um pênalti. Ainda assim, o time catalão sai bem para o jogo em casa, até porque além da vantagem, deve pesar a performance do time no primeiro tempo.
Com uma atuação segura, o Barcelona atropelou os donos da casa e por pouco não transformou os 45 minutos iniciais em uma goleada, com grandes atuações de Suárez e Messi. Na etapa final, o City reagiu, é verdade. Só que os ingleses não jogaram o suficiente para equilibrar o jogo, e vão para a Catalunha com um peso enorme nas costas, pressionado pelo histórico cada vez maior de fracassos na Liga dos Campeões.
No ano passado, nesta mesma fase, o City pegou o Barcelona na Liga dos Campeões. Em casa, perdeu por 2 a 0 sem oferecer resistência e acabou eliminado precocemente. Em 2015, o time teve a chance de se redimir contra o mesmo rival, mas só conseguiu repetir a si mesmo.
Fases do jogo: O Barcelona não deu chances para o Manchester City desde o primeiro minuto. Com mais posse de bola, se aproveitou dos espaços deixados pelos ingleses, se postou no campo de ataque e criou como quis, enquanto o time da casa, acuado, nada pôde fazer.
Suárez abriu o placar aos 15 minutos do primeiro tempo, quando Kompany não cortou um cruzamento e a bola ficou livre no meio da área. Aos 29 minutos, ele ampliou de carrinho, com muito oportunismo, após um cruzamento de Alba pela esquerda.
Só que poderia ter sido muito mais. Neymar deixou Messi e Suárez na cara do gol e ficou ele mesmo diante de Hart uma vez. Até Daniel Alves, que não vive grande fase, mandou uma bola no travessão em um cruzamento que saiu torto. O City, em compensação, mal ameaçou o gol defendido por Ter Stegen.
O cenário mudou com o intervalo. Cientes de que precisariam de um resultado melhor para seguirem vivos, os jogadores do City mudaram a postura, avançaram ao ataque e ameaçaram o Barcelona, especialmente pelo alto.
A partida só se equilibraria, porém, com a entrada de Fernandinho, que deu mais volume ao meio-campo do City. Foi dele que saiu o passe para David Silva, que ajeitou de calcanhar e permitiu que Aguero marcasse o gol dos ingleses aos 24 minutos do segundo tempo.
Quando os ingleses ameaçavam dominar, Clichy fez bobagem. O lateral acertou um pontapé em Daniel Alves, recebeu o segundo amarelo e deixou os donos da casa com um a menos, minando qualquer chance tardia de reação. Pelo contrário. A superioridade numérica atraiu o Barça, que ameaçou e teve um pênalti a seu favor. Para sorte do City, Messi bateu mal, Hart defendeu e o argentino cabeceou o rebote para fora.
Melhor: Suárez. Voltou à Inglaterra pela primeira vez após o adeus no Liverpool e foi decisivo como nunca pelo Barcelona - para se ter uma ideia, foi a primeira vez que ele marcou dois gols no mesmo jogo pelo clube. Em uma grande exibição dos catalães, mandou para o gol duas das três chances claras que teve e garantiu a confortável vantagem para o jogo de volta.
Pior: Kompany. Marcador de Suárez, o capitão do Manchester City foi protagonista nos dois gols do Barcelona. No primeiro, não conseguiu cortar o cruzamento e deixou a bola livre para o uruguaio. No segundo, não acompanhou o atacante, que se esticou e completou para o gol na frente de Hart.
Chave do jogo: Atitude. A postura fez diferença dos dois lados. No primeiro tempo, o Barcelona avançou, jogou com autoridade e só não fez mais pelo preciosismo de seus atacantes. Na etapa final, o City reagiu, abandonou a cara assustada que teve no começo e partiu para cima. Conseguiu, ao menos, reduzir a diferença.
Toque dos técnicos: Pellegrini surpreendeu na escalação ao lançar o City a campo com dois atacantes, quando se esperava Aguero isolado. Com um homem a menos no meio-campo, o Barcelona se impôs e aproveitou todos os buracos da defesa dos ingleses. Os donos da casa só melhoraram de verdade com Fernandinho, que deu mais corpo ao setor de criação e participou da jogada do gol.
Para lembrar:
Eu já sabia: Pior em campo, o capitão do City, Vincent Kompany, protagonizou um momento curioso no sorteio das chaves, no ano passado. Em uma transmissão ao vivo do evento, o belga foi flagrado boquiaberto, aparentemente assustado, quando o Barcelona foi anunciado como seu rival.
Faz falta: Yaya Touré, suspenso, não pôde jogar a primeira partida das oitavas. O marfinense, um dos maiores destaques do time, faz falta. Dados de antes do jogo já mostravam que, sem o volante, o City vence 36,4% dos jogos. Com ele, o índice sobe para 64%, segundo o site WhoScored.
Trio em forma: Suárez brilhou mais, mas não esteve sozinho. Lionel Messi participou bem da jogada do segundo gol, deu canetas e dribles e cumpriu seu papel ao desafogar o jogo em momentos mais duros, ainda que tenha perdido o pênalti no fim. Neymar esteve um pouco mais apagado, mas ainda assim deu passe para deixar os dois companheiros uma vez cada na cara do gol.
Carrasco: Sabe qual foi a última vez que Suárez enfrentou Joe Hart, goleiro do City? Na Copa do Mundo de 2014. Como aconteceu nesta terça, o uruguaio fez dois. Naquela ocasião, o 2 a 1 da seleção sul-americana rendeu a eliminação inglesa do Mundial.
Comentários