Apesar das medidas de prevenção e isolamento decretadas pelo governo chinês, os casos confirmados de coronavírus no país já superam os da epidemia da Sars há quase 20 anos. Nesta quarta-feira (29), as autoridades de saúde anunciaram mais 26 mortes, o que eleva o balanço do coronavírus a 132 vítimas fatais, e 5.974 casos confirmados na China continental (sem contar Hong Kong, Macau e Taiwan).
A cifra já supera o número de infecções da epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) de 2002 e 2003, outro coronavírus que contaminou 5.327 pessoas no país. A Sars deixou 774 mortos no mundo, 349 deles na China continental.
Apesar do alto índice de transmissão, o novo coronavírus apresentou até o momento menor mortalidade que o Sars. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epidemia de 2003 matou 10% dos infectados enquanto que as mortes do novo coronavírus são 2% dos afetados.
Também transmitida por um coronavírus, a Síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers), apresentou uma taxa de morte de quase 35% dos infectados entre 2012 e 2013.
Além da China, que registra a grande maioria das infecções, o coronavírus afeta 15 países – o caso mais recente foi detectado nos Emirados Árabes Unidos.
Primeiras semanas de surto
Os casos do novo coronavírus, conhecido entre especialistas como 2019-nCov, já superavam os da epidemia de SARS-Cov nas primeiras semanas de surto, de acordo com dados a OMS. Os dois tipos de vírus fazem parte da mesma família, a "coronavírus", e recebem este nome porque têm o formato de coroa.
Apenas duas semanas após a primeira morte, o novo coronavírus já acumulava mais de 100 mortes na China. Em 17 dias após a primeira morte, a versão mais antiga – o SARs-COV – causou 62 mortes e tinha 1.804 casos suspeitos, segundo dados da OMS. O vírus causou um surto na China entre 2002 e 2003, com mais de 900 mortes e dezenas de países afetados. A OMS não tem dados referentes ao 18° dia de surto de Sars.
Especialistas internacionais
A OMS anunciou na terça-feira (28) o envio à China "o mais rápido possível" de especialistas internacionais para coordenar os conhecimentos sobre o vírus e apresentar uma "resposta mundial".
"A epidemia é um demônio e não podemos deixar este demônio escondido", disse o presidente chinês Xi Jinping.
O governo dos Estados Unidos pediu à China "mais cooperação e transparência". Em 2002, o regime chinês foi acusado de esconder o surgimento da SARS.
Os cientistas do instituto Doherty na Austrália conseguiram replicar em laboratório o novo coronavírus, uma etapa crucial para criar uma vacina, uma tarefa que ainda deve demorar meses.
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