Dólar

Dólar cai mais e é cotado a R$ 3,21 após notícia da condenação

O dólar ampliou a queda em relação ao real nesta quarta-feira (12) após a notícia sobre a condenação do ex-presidente e Luiz Inácio Lula da Silva. A moeda já operava em queda, em meio ao otimismo com a aprovação da reforma trabalhista no Senado, na véspera. Também pesam as apostas de que o banco central norte-americano não vai subir os juros além do esperado.

Às 13h49, a moeda dos EUA caía 1,32%, cotada a R$ 3,2102 para venda. A Bovespa também reagiu à notícia sobre a condenação de Lula, passando a subir com mais força.

O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, condenou o ex-presidente Lula em uma ação penal que envolve o caso da compra e reforma de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ele foi condenado a nove anos e seis meses.

O diretor de investimentos da Gradual Investimentos, Pedro Coelho Afonso, disse que o mercado reagiu à notícia já mirando as eleições de 2018, ainda de olho na possibilidade de aprovação da reforma da Previdência. "Agora, aparentemente, o Lula é carta fora do baralho", disse em entrevista ao G1.

Afonso comentou ainda que, mais cedo, em meio aos desdobramentos da denúncia contra o presidente Michel Temer, os mercados não reagiram com tanta força. "O Temer acaba parecendo uma escolha do mercado financeiro, mas, na atual conjuntura, devido a toda essa turbulência, ele seria o 'menos pior', pelo menos para terminar esse governo até a próxima eleição".

A condenação de Lula sinaliza ao mercado que a Lava Jato tem efeitos reais, retirando as dúvidas de que o juiz Sérgio Moro fosse mesmo capaz de condenar uma grande figura política, avalia a professora da economia da Fecap, Juliana Inhasz. "O mercado financeiro colocou na ponta do lápis e viu com otimismo o fato de que a corrupção está sendo levada a sério", diz.

Contudo, a decisão de Moro acrescenta mais incertezas ao cenário político e econômico, na visão da professora, uma vez isso aumenta as chances de que outras figuras políticas atualmente no poder também sejam condenadas, entre elas o presidente Michel Temer.

Reforma trabalhista

Após mais de 11 horas de sessão, marcada por uma série de tumultos em plenário, o Senado aprovou o chamado texto-base da reforma trabalhista por 50 votos a 26 e, em seguida, analisou três destaques (sugestões de alteração à proposta original). Todos foram rejeitados.

"O placar de aprovação da trabalhista foi folgado e, embora seja um termômetro pequeno para a aprovação de outras reformas, ajudou no tom positivo", afirmou à Reuters o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, para quem o dólar vem procurando se acomodar num piso mais baixo do que os R$ 3,30 das últimas semanas.

O mercado continuava apostando que, com ou sem o presidente, a agenda de reformas deverá prosseguir uma vez que a atual equipe econômica poderia continuar mesmo com outro assumindo a Presidência do país. Na linha sucessória, está o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo maia (DEM-RJ).

Cenário externo

Da cena externa, ajudava na queda do dólar nesta sessão o discurso da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, pela qual afirmou que não será preciso elevar tanto os juros. Taxas mais altas na maior economia do mundo têm potencial para atrair capital hoje aplicado em outros mercados, como o brasileiro.

O Banco Central realiza nesta sessão novo leilão de até 8,3 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para a rolagem dos contratos que vencem em agosto.

Última sessão

Na véspera, o dólar fechou em queda ante o real pela terceira sessão seguida, ao menor nível desde 1º de junho, com os investidores apostando que a reforma trabalhista seria aprovada pelo Senado mesmo em meio à situação delicada do presidente Michel Temer, que vem perdendo apoio político.

A moeda terminou a sessão cotada a R$ 3,2532 na venda, queda de 0,19%. No mês, a moeda norte-americana teve queda de 1,8%. No ano, o dólar teve alta de 0,11%.

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