A Itália ordenou ao exército que retire corpos de uma cidade do norte do país que está no centro do surto de coronavírus onde os serviços funerários estão sobrecarregados, e o governo se prepara para prolongar medidas de interdição de emergência em todo o país.
Vídeos feitos por moradores de Bergamo, a nordeste de Milão, e exibidos no site do jornal local "Eco di Bergamo" mostraram uma longa fila de caminhões militares atravessando as estradas de madrugada e retirando caixões de um cemitério da cidade.
Um porta-voz do Exército confirmou nesta quinta-feira (19) que 15 caminhões e 50 soldados foram mobilizados para transferir corpos para províncias vizinhas. Mais cedo, autoridades de Bergamo haviam pedido ajuda com cremações por causa da sobrecarga em seu crematório.
A Itália teve o maior aumento diário de mortes do coronavírus já registrado na quarta-feira, quando o total aumentou em 475 e se aproximou de 3 mil. Houve mais de 300 mortes só na região da Lombardia -- que inclui Bergamo, a província mais atingida com seus mais de 4 mil casos.
Mais medidas para tentar combater coronavírus
O país decretou em interdição antes de outros da Europa, mas, como os casos continuam aumentando, o governo está cogitando medidas mais duras que restringiriam ainda mais a circulação exterior já limitada.
Nesta quinta-feira (19), o jornal "Corriere della Sera" citou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, segundo o qual o governo ampliará o prazo das atuais medidas de emergência que fecharam escolas e muitos negócios. As medidas em vigor obrigam a maioria das lojas a permanecerem fechadas ao menos até 25 de março e as escolas até 3 de abril. Conte não disse por quanto tempo as medidas serão prorrogadas.
Autoridades dizem que medidas mais rígidas podem ser necessárias porque pessoas demais estão desrespeitando a ordem de ficar em casa para tudo que não seja essencial e milhares continuam a adoecer.
As imagens de caminhões do Exército removendo corpos sublinhou o quanto os serviços de saúde das regiões mais afetadas do norte estão próximas do colapso.
Giacomo Angeloni, autoridade local a cargo dos cemitérios de Bergamo, disse no início desta semana que o crematório está funcionando em tempo integral e recebendo cerca de 24 corpos por dia, quase o dobro de seu máximo normal, e que não consegue manter este ritmo.
Como os necrotérios estão lotados, os bancos da igreja do crematório foram retirados para dar espaço a dúzias de caixões, mas todos os dias mais deles chegam.
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