Pelo menos 30% das crianças a partir dos 8 anos estariam recrutadas pelo tráfico de drogas dentro da Reserva Indígena de Dourados. A constatação é do cacique Silvio Leão e lideranças. Segundo ele. traficantes que invadiram a reserva viciam e recrutam crianças para o crime. "A estratégia é simples. Fornecem drogas de forma gratuita e depois começam a cobrar. Os menores ficam sendo ameaçados e, para quitar a dívida, entram para o crime. As meninas chegam a se prostituir", destaca.
O diretor da Escola Tengatui Marangatu, Aginaldo Rodrigues, conta que em 2016 foram apreendidas dezenas de armas brancas e papelotes de drogas com alunos. Ele disse que chama os pais dessas crianças mas eles dificilmente aparecem porque na maioria dos casos também são viciados.
Segundo uma liderança, que pediu para não ter o nome revelado, as crianças pegam a droga em pontos escondidos na reserva e já sabem para quem entregar.
Segundo ele, a reserva é abastecida no período noturno com carros adulterados e com placas frias; veículos que são objeto do crime, vendidos com a finalidade de facilitar o transporte do tráfico na reserva. De acordo com membros do Observatório de Direitos Indígenas e do Conselho Indígena, após as 18h, existe uma forte movimentação de veículos que chegam para entregar drogas e fomentar o tráfico no interior da Reserva.
Segundo as lideranças, a droga vem de laboratórios de fabricação no Paraguai. A droga chegaria através da entrega dos do trabalho "formiguinha" em que um grupo chegaria de Ponta Porã e em determinado ponto da BR ou de estradas vicinais entrega a droga para outro grupo. O crack ou a cocaína pura chegam na reserva em pequenas quantidades. São distribuídas e vendidas aos usuários.
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