Policial

Cantor relata abordagem truculenta de equipe policial e atribui a racismo

"Me senti invalidado. Eu falava que não era bandido, mas não tive voz”, afirmou

Deh Leão fez um registro na corregedoria nesta tarde (21) (Foto: Paulo Francis) Deh Leão fez um registro na corregedoria nesta tarde (21) (Foto: Paulo Francis)

Cantor de 27 anos registrou queixa na Corregedoria da Policia Militar nesta tarde (21), alegando foi abordado de forma truculenta por quatro policiais na última sexta-feira (18) no Centro de Campo Grande. Para ele, houve racismo.

Ao Campo Grande News, Deh Leão relatou que saiu de casa por volta das 16 horas para comprar remédios, já que sofre de ansiedade e síndrome do pânico, quando duas quadras depois, na Avenida Mato Grosso, próximo da Avenida Ernesto Geisel foi abordado pela guarnição.

Segundo ele, os policiais desceram da viatura e o mandaram colocar as mãos na parede. Dois, disse, estavam com a arma apontada para ele. Ainda segundo contou, pegaram o celular, a mochila e não o deixaram se explicar.

Eles não me deixavam falar. Eu tentava explicar, mostrei a receita médica, avisei que estava indo comprar remédio, mostrei meu documento, mas eles nem quiseram olhar. Me perguntaram meu nome mais de quatro vezes e me questionavam o que eu estava fazendo na Rua Dom Aquino", relatou.

Deh afirma nem ter passado pelo lugar no dia. Segundo ele, o policial ainda disse que me levaria por desobediência se não continuasse com as mãos para trás.

Medo contínuo -O cantor comentou que por ser negro procura sempre estar "bem arrumado", pois relata já ter vivido outras vezes o racismo estrutural. “Mas nesse dia estava calor e resolvi ir de short e chinelo na farmácia”, relatou.

A vítima ainda contou que ficou com medo da forma como foi abordado já que essa foi a primeira vez que foi parado pela polícia. “Um deles ficava me questionando porque eu estava nervoso, mas eu estava com medo, ele ficava me acuando”, afirmou.

“O que mais me deixou chateado foi que eles nem quiseram me ouvir, não pegaram meu documento. Na hora passou gente conhecida por mim, fiquei constrangido. Sem dúvidas foi racismo estrutural. Não tem outro motivo", acredita.

"Eu não estava andando de forma suspeita, não tinha nada nas mãos. Se eu fosse branco tenho certeza de que não teria passado por isso. Ainda me sinto sortudo por estar em uma via movimentada na data".

O setor de relações públicas da Polícia Militar confirmou o recebimento da queixa e informou que a Corregedoria abrirá  o competente processo apuratório e fará apuração dos fatos garantindo os direitos a todos os envolvidos na ocorrência.

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