EX MORADORA DE ITAPORÃ

Dona de creche clandestina e cuidadora são condenadas por torturar crianças

Julgamento aconteceu na última sexta-feira e penas das acusadas ultrapassam os 60 anos

Caroline foi presa em flagrante no dia 10 de julho por maus-tratos e tortura (Foto: Reprodução | Facebook) Caroline foi presa em flagrante no dia 10 de julho por maus-tratos e tortura (Foto: Reprodução | Facebook)

Acusadas de tortura contra 13 crianças, maus-tratos contra sete vítimas e por colocarem a saúde de 14 meninas e meninos, dopando-os durante o período em que ficavam em uma creche que operava clandestinamente em Naviraí, Caroline Florenciano dos Reis Rech e Mariana de Araújo Correia foram julgadas e condenadas.

As mulheres foram denunciadas em julho de 2023 pela promotora de Justiça Letícia Rossana Pereira de Almada. Na última sexta-feira (8), elas passaram por julgamento na 1ª Vara Criminal de Naviraí e acabaram condenadas pelos crimes de tortura, exposição da saúde a perigo e maus-tratos contra as crianças que ficavam no espaço particular chamado “Cantinho da Tia Carol”.

Segundo os autos, as rés “submetiam as crianças que estavam sob suas guardas a tratamento desumano, por meio de violência física ou moral”. Uma das ex-funcionárias do local chegou a alegar em depoimento que as crianças eram obrigadas a ficar quietas e deitadas no chão. “Só brincavam quando estava perto das mães chegarem”.

Além disso, a mulher afirmou que Caroline gritava muito para que as crianças ficassem em silêncio e não fazia nenhum tipo de brincadeira pedagógica. Já outra testemunha relatou que a proprietária do local deixava alguns meninos e meninas sem comida e eles ficavam até quatro horas sem poder levantar para, sequer, ir ao banheiro.

Caroline foi condenada a 42 anos e quatro meses de prisão em regime fechado pelo crime de tortura e mais 11 anos, sete meses e 14 dias de detenção em regime semiaberto pelos crimes de perigo à saúde e maus-tratos. O juiz pontuou, ainda, que ela possui personalidade agressiva, violenta, e “altamente dissimulada”, com isso, não concedeu o direito de recorrer em liberdade.

Já Mariana acabou sendo sentenciada a 16 anos, 10 meses e 15 dias pelo crime de tortura, dois anos e 11 meses por perigo à saúde e mais um ano, cinco meses e 22 dias por maus-tratos, totalizando 21 anos, três meses e sete dias de detenção em regime semiaberto. Também sem substituição da pena

O magistrado também determinou que as mulheres façam a reparação dos danos causados para cada uma das vítimas no valor de R$ 10 mil 

Em juízo, Caroline negou todas as acusações. Ela disse que o espaço não era uma creche e que dava alimentação, banho e cuidava das crianças. Alguns em tempo integral. A mulher disse, ainda, que tinha contrato escrito com os pais e que abria o local entre 5h30 e 6h, mas não tinha hora para fechar e, algumas vezes, chegava a levar criança para sua casa.

A mulher pontuou que nunca recebeu reclamação e que chegou a cuidar de 36 crianças. Ao juiz, ela afirmou que todos os remédios eram autorizados pelos pais e nunca deu nenhum medicamento para dormir a algum deles. Além disso, alegou que a alimentação era a mesma para elas e os pequenos.

 No entanto, o juiz afirma que a versão da ré vai totalmente contra os vários depoimentos prestados pelas vítimas e testemunhas nos autos, deixando claro “seu caráter dissimulador”, já que na frente dos pais das crianças ou nas redes sociais ela aparentava ser uma pessoa diferente.

 

 

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