Na última sexta-feira (8), foi comemorado o Dia Internacional da Mulher, mas os recentes casos de feminicídio, em Mato Grosso do Sul, têm deixado as mulheres apreensivas com a lei aplicada no crime. Para elas o sistema precisa ser mais rígido e a punição mais severa.
Atualmente a pena para quem comete feminicídio – assassinatos praticados contra mulheres em razão de gênero, seja por discriminação à condição de mulher ou por violência doméstica e familiar – é de 12 a 30 anos de reclusão, (Lei 13.104/2015).
Os números mostram que apesar da Lei, os agressores não se sentem inibidos. De acordo com a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), até o dia 4 de fevereiro de 2019 já tinham sido registrados 126 casos de feminicídio e 67 tentativas, em todo o país.
Apenas no último domingo (10), dois dias após as celebrações em homenagem às mulheres, foram três casos registrados só aqui no estado. A professora Nádia Sol Neves Rondon, 38 anos, morta com 30 facadas pelo ex-marido, por volta das 7h da manhã, no dia em que comemoraria seu aniversário, em Corumbá.
Carla Sampaio Tanan de 36 anos, morreu atropelada três vezes pelo namorado após sair de uma festa de família em Caarapó. E uma mulher, que não teve a identidade revelada, morreu após ser esganada pelo marido em Alcinópolis.
Mas afinal, como as mulheres se sentem frente ao aumento da violência contra o gênero? O Jornal Midiamax esteve nas ruas e conversou com algumas delas, que afirmam sentir revolta e acreditar que é preciso uma melhoria na forma de punição.
Para Ivanilda dos Santos, 43 anos, o número de casos já acontecidos em 2019 só mostra que os agressores estão cada vez mais brutais. “Você vê o tanto de mulher morta nesse começo de ano. E a forma fica cada vez mais violenta”, explicou.
A lei branda, de acordo com Ester dos Santos Camargo, 21 anos, seria o motivo do aumento do número de casos, e a forma como eles acontecem. “A lei é branda, o cara bate na mulher a primeira vez, e nada acontece. Eles pagam fiança, e seguem com suas vidas, isso deixa eles corajosos, até chegarem ao ponto de matar de forma cruel, como a gente vê. Isso gera revolta na gente né”, disse.
A estudante Zayda Martins, 25 anos, afirma que a cada novo caso de feminicidio o medo aumenta um pouco. “A gente anda na rua cada vez com mais medo. Eu tô cansada de ter que andar, principalmente à noite, apreensiva, sem segurança. Com medo. Precisa melhorar as leis, as punições”, contou.
“Mesmo não sendo com conhecidas, a gente sente revolta e dor né”, disse a dona de casa Maria Odete, 58 anos. Para ela os casos recentes causam revolta. “Os homens estão tratando as mulheres que nem bicho, não temos valor nenhum”, contou.
“Eles vão lá, batem na mulher, pagam fiança, e tão solto. Eles pagam, pagam, pagam, até que matam a gente. A gente assiste televisão vê os casos acontecendo, graças a Deus nunca aconteceu com alguém da família, mas mesmo assim, a gente fica com medo. As leis são brandas, precisa ser mais rígida”, concluiu Adriana Andrade, 43 anos.
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