''Indignação'' essa é a palavra que define o sentimento de Sônia Firmino da Silva e Cícero Fermino da Silva, irmãos de Sebastião Firmino da Silva, de 63 anos, que teve o corpo encontrado em avançado estado de decomposição na manhã de ontem (7), na Casa da Acolhida, em Dourados. Em entrevista ao site Dourados Agora, Sônia relatou que foi ao local por quatro vezes, pois recebeu informações de que o irmão estaria lá. Todas as vezes os funcionários afirmaram que o homem não estava.
De acordo com a família, Sebastião estava desaparecido desde o dia 29 de dezembro. "Ele morava junto com nossa outra irmã, eu sempre ia visitá-lo, e logo que chegou a noite e ele não apareceu, comecei a divulgar nas redes sociais que ele estava desaparecido. Recebi então a ligação do capitão da Aldeia Jaguapiru, reserva indígena de Dourados, informando que ele esteve na reserva e foi levado até a Casa da Acolhida por uma assistente social da prefeitura", relatou Sônia.
A partir dessa informação, no dia 30 de dezembro, Sônia foi até a Casa da Acolhida na esperança de encontrar o irmão, mas ao chegar lá os funcionários disseram que ele não esteve por lá. "Um abrigado do local, chegou a interferir dizendo que ele esteve na Casa, mas depois pulou o muro e foi embora", afirmou Sônia. Não satisfeita com a resposta, Sônia insistiu até que um dos funcionários abriu a porta dos quartos para que ela visse quem estava lá dentro. "Abriu a porta de todos os quartos, menos a do que ele estava. Disseram que aquele quarto ninguém utilizava, que estava trancado".
Passaram-se mais uns dias e Sônia desesperada para encontrar o irmão decidiu novamente ir até a Casa da Acolhida, mas a tentativa foi em vão, já que não deixaram nem ela entrar no local. "Eu insistia, estive quatro vezes lá, isso é o que mais me indigna. Como alguém entra lá e eles não sabem? Como alguém fica morto por tanto tempo e ninguém percebe?", questiona Sônia.
O que mais entristece a família é o fato de não ser possível nem a realização de um velório digno para o irmão, pois o corpo estava em estado de decomposição, pelo fato do homem já estar morto há vários dias. "A nossa luta agora é fazer justiça para que mais famílias não sofram com esse descaso. Vamos entrar com ação judicial, pois se eles tivessem feito o trabalho com responsabilidade, registrar quem entra e sai, averiguar todos os quartos, meu irmão não ficaria morto todo esse tempo lá dentro", enfatizou Sônia.
Cícero Firmino, irmão de Sebastião, afirma que as contradições que ouviram na Casa da Acolhida fazem até com que desconfiem da causa da morte do irmão. " A gente não consegue entender o motivo pela qual justamente o quarto onde ele estava morto não ser aberto, pois se o quarto estava trancado e não era utilizado, como é que ele entrou lá? E agora com o corpo em estado de decomposição fica até difícil saber a verdadeira causa da morte", destacou Cícero.
"É um descaso total, até agora ainda não conseguimos conversar com o responsável pela Casa", afirmou Sônia.
Em depoimento à Polícia Civil funcionários do local disseram que Sebastião foi levado até a casa da acolhida no dia 29 durante o dia por uma conselheira para deixá-lo lá até acharem os familiares, e não foi inserido no check list, pois os familiares iriam lá pegar ele, mas como a casa da acolhida funciona no sistema de plantão de 12 horas, no dia seguinte foi repassado a outra pessoa de plantão.
Eles argumentaram que a irmã de Sebastião foi a casa da acolhida no dia seguinte na parte da tarde, mas como não haviam inserido o nome da vítima no check list, o plantonista cuidador disse que lá não havia essa pessoa por nome de Sebastião Firmino, onde até verificou nos quartos que haviam pessoas, mas não verificou no último quarto, pois não tinha ninguém na lista que estaria naquele cômodo.
Aparentemente a perícia trabalha com a hipótese de morte natural, porém devido ao avançado estado de decomposição o caso foi registrado como morte a esclarecer e o corpo será avaliado pelo médico legista.
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