A juíza da 3ª Vara Federal, especializada em crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro, Monique Marchiolli Leite, negou a tentativa da defesa do ex-governador André Puccinelli (PMDB) de suspender a fiança estipulada em R$ 1 milhão, uma das medidas restritivas impostas ao político.
Segundo o advogado de André, Renê Siufi, com os bens bloqueados o ex-governador não tem condições de arcar com o pagamento do valor estipulado pela Justiça.
"Estou analisando. Ainda não sei o que vou fazer. (Com os bens bloqueados) como ele é que vai pagar alguma coisa?", disse Siufi, que revelou que não está em Campo Grande, mas que vai trabalhar no caso neste final de semana e deixar uma pessoa para fazer possíveis requerimentos que envolvam a defesa de André.
O advogado contou que o prazo se mantém, ou seja, o ex-governador tem até o fim do dia para pagar a fiança de R$ 1 milhão. O não pagamento pode resultar em novas medidas, como prisão preventiva. Todavia, a defesa ainda trabalha com a possibilidade de uma sanção que não seja pena de detenção.
Na Operação Máquinas de Lama, 4ª fase da Lama Asfáltica, deflagrada na última quinta-feira (11), a força tarefa solicitou a prisão de Puccinelli. Segundo o delegado da Polícia Federal, Cleo Mazzotti, o peemedebista "ainda exerceria influencia que poderia garantir continuidade da organização criminosa e do processo de lavagem de dinheiro". O argumento, entretanto, não convenceu a Justiça para determinar a prisão.
Ao invés disso, foi estipulado o uso da tornozeleira eletrônica para o ex-governador e multa de R$ 1 milhão. Além disso, Puccinelli não pode deixar Campo Grande ou manter contato com os investigados, assim como sair de casa depois das 21h ou antes das 6h.
Operação
Agentes da Polícia Federal, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal deflagraram na manhã desta quinta-feira (11) a 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Máquinas de Lama, que tenta desmontar o que os agentes chamara de ‘organização criminosa’ que desviou recursos públicos durante o governo de André Puccinelli (PMDB).
Segundo a Polícia Federal, os desvios eram feitos por meio de direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrupção de agentes públicos, que resultaram em um prejuízo de cerca de R$ 150 milhões aos cofres públicos.
Para justificar a propina, o grupo alugava máquinas e equipamentos utilizados em obras do governo estadual. As investigações mostraram que tais negociações de locação nunca existiram de fato, foram feitas apenas para dar uma origem lícita aos recursos financeiros. Foram estes alugueis que serviram para batizar a operação de Máquinas de Lama.
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