Relatório do Ministério Público Federal revelado parcialmente à Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em Mato Grosso do Sul, deixa claro que a transferência de Francivaldo Rodrigues Lima, conhecido no mundo do crime como "Pantaneiro", para o presídio federal de Porto Velho (RO), anteontem, foi acertada conjuntamente entre os ministérios públicos Estadual de Mato Grosso do Sul e Federal.
A decisão de levar o preso para longe de Mato Grosso do Sul, em especial, para um presídio de segurança máxima federal, ocorreu depois que investigações apontaram que o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), que estava preso em Dourados, era acusado de organizar por telefone, de dentro da penitenciária estadual da cidade, uma resposta da facção criminosa contra os rivais após o massacre ocorrido em detenções do Norte e Nordeste, em janeiro.
O relatório do Ministério Público Federal revela que "Pantaneiro" foi flagrado em escutas telefônicas conversando com outros líderes do PCC em São Paulo e Paraná, de dentro da Penitenciária Estadual de Dourados. Nas falas, transcritas nos relatórios, "Pantaneiro" ressalta que conhece lideranças de facções rivais como o Sindicato do Crime, no Rio Grande do Norte, e Família do Norte, no Amazonas, bandos que também racharam com o PCC além do Comando Vermelho, em desavenças que levaram a mais de 130 assassinatos em presídios brasileiros neste ano.
As autoridades de segurança pública esperam que, com a entrada do acusado no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), a articulação entre sul e norte do PCC no País seja rompida de vez e se evite que haja novos massacres, pelo menos temporariamente. Nos presídios federais, as restrições aos detentos são maiores, como banhos de sol controlados e horários mais rígidos.
Ao todo, 15 detentos de presídios sul-mato-grossenses foram transferidos para Rondônia, seis do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande e nove de Dourados. O Gaeco estadual levantou que todos eles faziam a articulação da liderança de "Pantaneiro", repassando ordens a faccionados e divulgando as sentenças dos ‘tribunais do crime’ decididas por ele: exclusão do PCC, suspensão, agressões físicas e morte, dependendo da ofensa e desobediência às regras.
Capivara
A folha corrida do líder do PCC é extensa. Segundo a promotora Cristiane Mourão, do Gaeco, o bandido conhecido como "Pantaneiro" tem uma trajetória de destaque no crime. Em São Paulo, seu nome figura como autor em nada menos que 44 processos criminais, de 13 cidades diferentes, em crimes como homicídio, tráfico de drogas e armas, roubo e furto.
Desde 2013, "Pantaneiro" atua no Mato Grosso do Sul. Na ocasião, chegou em Dourados como enviado pelo PCC para controlar o fluxo de drogas e armas que viriam do Paraguai para abastecer a facção. Não tardou, contudo, para se envolver em novos crimes de repercussão na cidade, onde conquistou fama entre os criminosos pelo posto de ‘disciplina’, e foi preso por roubo, furto e porte ilegal de arma. Com informações do site campograndenews.
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