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“Mataram meu filho na barriga”, diz pai ao encontrar ferimento no corpo de bebê

Pai encontrou ferimento em bebê ao pedir para abrir caixão. (Foto: Arquivo pessoal) Pai encontrou ferimento em bebê ao pedir para abrir caixão. (Foto: Arquivo pessoal)

Interior

Hospital afirma que abriu procedimento e apura se houve negligência de equipe médica

O pedreiro José de Araújo Canuto, 34 anos, foi o único a se despedir do filho, Otávio, que morreu no último dia 30 de outubro, na barriga da mãe. Sozinho no sepultamento, buscando respostas sobre o que ocorreu, pois acompanhou a gestação saudável da esposa, o pai pediu para que a funerária abrisse o caixão e teve uma surpresa: “tinha um corte no peito e uma ferimento na barriga”, relata.

A imagem não sai da cabeça, acompanhada da angustia e pedido de respostas. A família procurou a delegacia e registrou boletim de ocorrência logo depois da morte da criança, afirmando que houve negligência da Fundação Hospitalar de Costa Rica, cidade a 305 quilômetros de Campo Grande, hospital onde a mulher foi atendida.

O pedreiro conta que no dia 29, sexta-feira, a esposa começou a vomitar  e então o casal decidiu procurar o hospital. Grávida de sete meses, Ana Paula dos Santos, de 33 anos, chegou às 7h20 na unidade, realizou alguns exames e foi internada. “O médico receitou um remédio para cortar o vômito e soro”, conta o marido. Só que José afirma não ter visto a aplicação do remédio e a mulher continuou vomitando. “Na manhã seguinte, vi que ela não parou de vomitar, então a enfermeira trocou o soro e só aí deu o remédio”.

Na manhã do dia seguinte, último sábado (30), a equipe verificou os batimentos cardíacos da criança. “Verificaram duas vezes o batimento do bebê e não havia alteração. Vi que estava tudo bem e fui até em casa pegar uns pertences pessoais para minha esposa ficar no hospital”, lembra.

Ele discorre que no intervalo entre às 10h e 15h30, não sabe o que aconteceu com a esposa. “Recebi um áudio do meu filho de cinco anos dizendo que o irmãozinho tinha morrido”. Desesperado, José voltou para o hospital. “Ela relatou que na minha ausência ficaram apertando a barriga dela por 30 minutos, pois o batimento do bebê estava fraco”, relata. “Depois de muito tempo chamaram a médica, que também apertou a barriga, viu que tinha algo errado e solicitou ultrassom”, complementa.

Foi nesse momento que constataram o óbito da criança. “Ouvi um médico, o primeiro que atendeu a minha esposa e que receitou os remédios, perguntando para as enfermeiras o que havia ocorrido, pois a criança estava bem”, lamenta o pai. Depois, Ana Paula foi encaminhada para cesárea. “Não pude acompanhar, mesmo apresentando os comprovantes que tomei as duas doses da vacina”, reclama.

Depois da retirada do bebê, José afirma não ter tido a oportunidade de ver o filho naquele momento e nem saber o que causou a morte. “Não me entregaram a certidão de óbito, disseram que já tinham entregado para a funerária. O hospital foi agilizando todo o velório muito rápido para não ser responsável pela morte do bebê”, denuncia.

Otávio foi sepultado no domingo, dia 31. “Sem cerimônia, sem nada, o buraco já estava aberto para enterrar”, lamenta. Sozinho, José pediu para que abrissem o caixão. “Eu queria ver o bebê, foi a hora que ele abriu e vi um corte no peito. Asfixiaram meu bebê no hospital, ele estava saudável, estava perfeito e mataram meu filho na barriga da minha esposa”, chora ao lembrar.

José conta que a família está abalada. “Jogavam a barriga da minha esposa de um lado para o outro como se fosse um saco de lixo, trataram a gente que nem um lixo, depois disseram que morreu por causa de uma infecção na vesícula da minha esposa”. O casal chora o tempo todo. “Me afasto para não deixar ela mal. As vezes pego meus outros dois filhos e abraçamos ela juntos. Não está sendo fácil, mas vamos ter que superar”.

Outro lado - O Campo Grande News procurou a Fundação Hospitalar de Costa Rica. A diretora da unidade, Rogeria Eiks Paes Barbosa, explicou que a gestante de 29 semanas é diabética e no primeiro ultrassom, tudo estava normal.

“Estavam checando de oito em oito horas o batimento e no outro dia, às 5h também estava bem. Depois, na próxima checagem deu inaudível, então foi realizado um novo ultrassom, onde detectava o óbito fetal, sendo realizada a cesárea”, informou.

A diretora ainda confirmou que foi aberto procedimento para apurar os fatos. “A gente abriu um processo administrativo para averiguar todos os fatos e ver se realmente houve negligência”, concluiu.

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