OPERAÇÃO BULLISH

MPF denuncia Joesley, Palocci, Mantega e mais 9 por prejuízo de R$ 1,86 bi

Montagem com fotos de Joesley Batista, Antonio Palocci e Guido Mantega - Crédito: Evaristo Sa/AFP; Rodolfo Buhrer/Reuters; Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Montagem com fotos de Joesley Batista, Antonio Palocci e Guido Mantega - Crédito: Evaristo Sa/AFP; Rodolfo Buhrer/Reuters; Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou à Justiça nesta quinta-feira, dia 14 de março, acusados de crimes ligados ao apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao grupo J&F.

A ação pede reparação de R$ 5,5 bilhões aos cofres públicos – valor que inclui R$ 1,86 bilhão de suposto prejuízo apurado, em valor atualizado, e outros R$ 3,74 bilhões como indenização.

A lista de denunciados inclui o empresário Joesley Batista, da JBS, o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho e os ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci. O G1 busca contato com os denunciados.

O dinheiro do BNDES foi usado pelo grupo J&F para comprar outras empresas do ramo de carnes, como a norte-americana Swift.

A Operação Bullish foi deflagrada em maio de 2017, semanas após o Tribunal de Contas da União (TCU) apontar a irregularidade das operações de crédito.

Naquele momento, o TCU já apontava prejuízo de R$ 70 milhões aos cofres do BNDES. Segundo o tribunal, o banco comprou ações da J&F como forma de aportar dinheiro na empresa, mas pagou R$ 0,50 a mais por ação, favorecendo a empresa duas vezes.

Acusações

O grupo é acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, prevaricação financeira e lavagem de dinheiro. Segundo a ação, a verba do BNDES foi repassada ao grupo JBS em um “esquema alimentado por propina”, que resultou na internacionalização da empresa.

A denúncia, de 355 páginas, é assinada pelo procurador regional da República Francisco Guilherme Vollstedt e pelo procurador da República Ivan Cláudio Garcia Marx.

O que diz a ação

Segundo a denúncia, Joesley Batista “corrompeu” Victor Sandri – indicado como operador de Guido Mantega, que presidiu o BNDES entre 2004 e 2006 – para ter acesso ao político. Depois, usou a ligação com Mantega para “exercer influência sobre o novo presidente da instituição, Luciano Coutinho”.

Os investigadores dizem que Coutinho, já no cargo, deu continuidade e ampliou o esquema, "aceitando investimentos sem análises adequadas, em valores superiores ao necessário".

A ação diz que Palocci aparece nas fraudes a partir de 2008, como deputado e não como ministro. Ele teria assinado um contrato de consultoria com a JBS, sob cláusula de êxito, para ajudar na compra das empresas internacionais. Segundo o MPF, ele não trabalhou nisso, mas recebeu R$ 2,5 milhões para exercer mais pressão sobre o BNDES.

Segundo o procurador Ivan Claudio Marx, a denúncia usou muitos argumentos do Tribunal de Contas da União (TCU), que se debruçou sobre a regularidade das transações do BNDES.

"O TCU tem uma forma muito peculiar de identificar responsabilidades. Não é uma denúncia genérica, é muito bem detalhada sobre a participação de cada membro do BNDES, cada documento, cada decisão e cada prejuízo decorrente de cada decisão."

Confira a lista completa de denunciados (em ordem alfabética):

André Gustavo Salcedo Teixeira Mendes

Caio Marcelo De Medeiros Melo

Eduardo Rath Fingerl

Fábio Sotelino Da Rocha

Gonçalo Ivens Ferraz Da Cunha E Sá,

Guido Mantega, Antonio Palocci Filho

Joesley Mendonça Batista

José Cláudio Rego Aranha E

Leonardo Vilardo Mantega

Luciano Galvão Coutinho

Victor Garcia Sandri

Comentários