A morte da professora Anderci da Silva, 44, muito conhecida em Dourados por sua trajetória no magistério, no meio sindical da educação e que chegou a ser candidata a vereadora, segue com muitas perguntas a serem apuradas pela polícia.
Ela foi deixada na porta do Hospital da Cassems (Caixa de Assistência aos Servidores de Mato Grosso do Sul) de Campo Grande comum tiro na lombar, no dia 22 de fevereiro, e acabou morrendo dias depois.
De acordo com o site Campo Grande News, o namorado dela, de 26 anos, prestou um depoimento na 3ª Delegacia de Polícia Civil da capital no dia 9 de março admitindo que abandonou a professora baleada na frente do hospital após um assalto frustrado que os dois teriam cometido.
Na versão dele, que ainda conforme o Campo Grande News se relacionava com a professora por cerca de seis meses, os dois praticaram o assalto para pagar uma dívida de droga. O rapaz, que não teve o nome divulgado, disse à polícia que o casal tinha comprado entorpecente para consumirem juntos. Após a droga acabar, ficou o valor a pagar.
Diante disso teriam em conjunto decidido então cometer o roubo contra um ciclista abordado por eles em uma rua do bairro Monte Castelo.O casal se preparava para levar o veículo, possivelmente para venda, quando apareceu um motociclista e disparou contra o carro onde estavam, o Voyage de Anderci.
Ainda assim, segundo relatado no depoimento, eles continuaram o trajeto. Anderci teria avisado ao namorado que estava ferida e ele então decidiu levá-la para o hospital, mas não acompanhou os trâmites de internação. Funcionários do hospital que acionaram a polícia e o caso foi registrado como de uma mulher, deixada em frente ao hospital por uma caminhonete, ferida.
Somente no dia 9 de março, o namorado de Anderci se apresentou à polícia na 3ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande. Ele apresentou também o veículo da namorada, que havia sido usado para cometer o assalto, segundo ele mesmo admitiu em depoimento, conforme as informações do Campo Grande News.
Quando a professora morreu, no dia 22 de março, a filha procurou a Polícia Civil, na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), no Centro de Campo Grande, dando informações indicando a dificuldade da família de ter contato com Anderci desde o ano passado. Ela apontou ainda um contato com o namorado da vítima, com quem ela morava. Antes, a professora residia em Dourados onde tinha trabalho fixo.
O nome do envolvido está sendo preservado por não haver ainda acusação formal contra ele. O Campo Grande News apurou que o homem tem histórico de registro de boletim de ocorrência por violência doméstica, de uma namorada anterior, com quem tem um filho.
Quando indagado sobre o motivo que fez o rapaz abandonar a mulher ferida na porta do hospital, o advogado dele, Jean Cabreira, alegou que o cliente não tinha ‘condições psicológicas’’ para ficar com ela no momento. Não foi detalhado nada mais a respeito disso.
Sobre Anderci ter sido levada em uma caminhonete e não no Voyage dela para o hospital, o advogado disse que de fato ela foi transferida de um veículo para o outro pelo namorado.
O relato dele sobre o caso foi feito ao delegado Ricardo Meirelles, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, segundo levantado pelo Campo Grade News. Essa unidade é a que cuida da região do hospital, na Avenida Mato Grosso.
Mas não é esse delegado quem vai conduzir a investigação por homicídio simples. O caso foi transferido para a 2ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Monte Castelo, responsável pela região da cidade onde a mulher foi ferida.
Meirelles foi procurado esta semana pelo Campo Grande News para falar dos procedimentos feitos no início da investigação, como o depoimento do namorado e ainda os pedidos de laudo no veículo e perícia no local de crime. A resposta foi que não se pronunciaria sobre investigação enviada para outra unidade.
Na delegacia do Bairro Monte Castelo, a informação dada é de que só quando o expediente voltar ao normal, por causa das restrições impostas por decreto estadual, a apuração será retomada e poderão ser dadas informações. Na semana passada, só as delegacias plantonistas estavam funcionando.
Não é afastada a possibilidade de um feminicídio, por exemplo, mas pelo que foi apurado até o momento pela polícia, são consideradas plausíveis as primeiras informações de que o tiro veio de uma terceira pessoa, do lado de fora do carro.
Na família de Anderci, ninguém fala sobre o assunto, conforme destacou o Campo Grande News. O posicionamento dado à reportagem é de que não há porque remexer a memória da professora.
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