POLÍCIA

“Não deixa o cara gritar”, orientava líder do PCC durante assassinatos

Marcelo, o Maré Alta, em 2013, ano em que foi preso pela Derf por tráfico - Crédito: (Marcos Ermínio) Marcelo, o Maré Alta, em 2013, ano em que foi preso pela Derf por tráfico - Crédito: (Marcos Ermínio)

Interceptações telefônicas feitas nas investigações da Operação Flash Back registraram orientações de Marcelo Lima Gomes, o Maré Alta, de 36 anos, a integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) durante uma execução. Por telefone, o preso anuncia a “sentença de morte” e explica como o crime acontecerá. “Como se fosse suicídio”.

Maré Alta está no sistema prisional de Mato Grosso do Sul desde 2013 e foi identificado pelo Ministério Público do Estado de Alagoas como líder do núcleo “Geral do Estado”.

Segundo o site Campo Grande News, dentro da organização da facção, cada estado tem um “Geral”, que é responsável por liderar as atividades criminosas, controlando e orientando os integrantes na execução de crimes, além de indicar a conduta correta a eles. Marcelo, segundo as investigações, coordenava todo esse setor, exercendo a função de “Resumo”, de dentro do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande.

Entre suas “funções”, Marcelo era responsável por decretar as execuções do chamado “tribunal do crime” em todo o país. Em gravações divulgadas nesta quinta-feira, dia 28 de novembro, é possível ouvir Maré Alta decretar um dos assassinatos. “A parada é o seguinte irmão. É para concluir ai, na data de hoje chegou o decreto dele, vai ser morto esse cara ai mano”.

A conversa continua, e o líder orienta os integrantes da facção sobre como cometer o crime.

“Então a parada é o seguinte, vamos deixar a direção para vocês, entendeu mano, para fazer da seguinte forma, pega ai e tentar concluir da melhor forma certo cara. Não deixa o cara gritar, não deixa o cara correr. Porque ai a partir de agora todos vocês ai estão sob missão do Primeiro Comando da Capital, entendeu mano. Pegar ai para tentar fazer essa caminhada como se fosse ai, como suicídio, enforcamento”.

Ao fundo da ligação é possível ouvir a vítima gritar e pedir por socorro. “Ei, não deixa o cara gritar ai irmão. Não deixe o cara gritar não mano. Pega o cara, tapa a boca desse cara irmão. Mata o cara irmão”, diz Maré Alta. Em outra conversa, um integrante da facção releva a crueldade dos crimes. “Estamos arrancando tudo dele, tá ligado? Arrancando a cabeça dele”.

Segundo o Ministério Público do Estado em Alagoas, Maré Alta é o substituto de Marcos Willians Camacho, o ‘Marcola’, um dos líderes mais importantes da facção desde sua criação. O preso tem passagens por homicídio, no município de São José de Ribamar, no estado do Maranhão, e por tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul. 

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