Desde o dia 1 de janeiro, quatro rebeliões, que resultaram em centenas de mortes em unidade prisionais do Brasil, deixaram a população e órgãos de segurança em alerta em todo país. Em Mato Grosso do Sul, a ordem para ‘estourar a cadeia’, como aconteceu em Manaus, Roraima, Paraná e Rio Grande do Norte, já teria sido liberada e até uma lista com o nome de 90 homens marcados para morrer estaria circulando pelas unidades de Campo Grande.
Conforme apurado pela reportagem, para os internos do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, mais conhecido como a Máxima de Campo Grande, a ordem para a rebelião veio da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital). O aval, segundo os próprios presos, teria vindo de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder da facção.
A tensão ultrapassa os muros da Máxima e espalha boatos pelas outras unidades do complexo penitenciário, localizado no Jardim Noroeste, na saída para Três Lagoas. Segundo familiares de internos do Instituto Penal de Campo Grande, uma carta avisando que o prédio da unidade seria invadido foi enviada aos detentos. Na mesma carta, também haveria uma lista com o nome de 90 homens marcados para morrer no dia da ação.
Medo na vizinhança
Por todos os lugares do Jardim Noroeste, moradores e comerciantes temem pelos próximos dias. Boatos não faltam, e o que mais preocupa são as conversas de que a ação dos bandidos aconteceria "de fora para dentro". Ou seja, homens armados com fuzis invadiriam as unidades do complexo prisional e iniciariam a chacina. Entre eles, estariam ex-detentos que têm "dívidas" com as facções.
Para isso, os suspeitos já estariam na Capital e também teriam alugado casas em pontos estratégicos do Noroeste, para guardar os armamentos e esperar a data da ação. A equipe do Jornal Midiamax esteve no bairro, onde populares reafirmaram a chegada de novos moradores e relataram até que a organização estaria contratando pessoas da região para participar da invasão ao presídio.
Um morador, que preferiu não se identificar, lembrou que pessoas aparentando ser de fora do Estado chegaram à região. A operadora de caixa de uma conveniência local também comentou que um policial, que costuma frequentar o comércio, alertou aos trabalhadores sobre a chegada de ‘gente nova’ e pediu atenção de todos.
Umal rebelião seria consequência da guerra entre facções, que acontece em todo Brasil. Em Mato Grosso do Sul, PCC e CV (Comando Vermelho), com auxílio de grupos criminosos adversários do Primeiro Comando da Capital, estariam disputando o controle no Estado. Desde dezembro, áudios, comunicados e princípios de motim sinalizam o enfrentamento entre os grupos.
Neste ano, a briga se intensificou, e fugas e morte de internos foram registradas nos últimos dias. Na sexta-feira (13), Júnior César Franco Pietro, de 41 anos, integrante do PCC, teria sido assassinado dentro da Máxima por fazer negócios com o Comando Vermelho. Na semana passada, novos áudios atribuídos a líderes das facções traziam ameaças de execuções.
Agepen
Diante dos acontecimentos em todo país, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) afirmou que os cuidados com o sistema prisional de Mato Grosso do Sul foram redobrados. "Claro que estamos com todas as atenções voltadas para a nosso sistema prisional", alegou o diretor-presidente a Agepen, Ailton Stropa Garcia.
Stropa explicou que até o momento, nenhuma sinalização de que a rebelião possa acontecer em MS foi detectada, mas que a situação é monitorada pelas autoridades minuto a minuto. Ainda conforme o diretor, a Agepen já pediu apoio da Polícia Militar em todo o Estado para reforçar as equipes das escoltas, das muralhas e também intensificar as vigilâncias em volta das unidades.
O Batalhão de Choque da Polícia Militar, está em alerta, caso qualquer movimentação aconteça no presídio.
Comentários