Policial

PF mira familiares de embaixador do tráfico contra lavagem de dinheiro

PF em Centro Comercial na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. (Foto: Bruna Marques) PF em Centro Comercial na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. (Foto: Bruna Marques)

Capital

Em MS, mandados são cumpridos em Campo Grande, Dourados e Ponta Porã; quadrilha movimentou R$ 4 bilhões

A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta quinta-feira (03), as Operações "Sucessão" e "Fluxo Capital" para desarticular uma organização criminosa que atua com lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, se utilizando de empresas de fachada e "laranjas". Na mira estão familiares de Luiz Carlos da Rocha, o “Cabeça Branca”, conhecido como “embaixador do tráfico”, que foi preso em 2017 pela PF durante a Operação Spectrum.

Dessa forma, policiais federais cumprem hoje, 39 mandados de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária, em Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Dourados e Ponta Porã) e mais cinco estados. Também são cumpridos sete mandados de busca e apreensão no Paraguai. Isso porque, o controle da movimentação do dinheiro era feito por doleiros, donos de casas de câmbio, instalados no país vizinho.

Em Campo Grande, os policiais estão em um prédio comercial de uma empresa que aluga salas na forma de coworking - compartilhamento de espaço e otimização de recursos para empreendedores e empresas de pequeno porte. A empresa fica na Avenida Afonso Pena.

Além dos mandados, a Justiça sequestrou imóveis, bloqueou valores em contas bancárias, suspendeu as atividades das empresas envolvidas e as licenças profissionais (CRC) dos contadores investigados.

Operações - A Operação Sucessão é um desdobramento da Operação Spectrum, que resultou na prisão de "Cabeça branca", investigado pelo forte envolvimento com grandes esquemas de tráfico de drogas no Brasil. Na fase de hoje, são cumpridas medidas judiciais contra familiares do traficante que o auxiliaram na lavagem do dinheiro.

A Operação Fluxo Capital, por sua vez, tem por objetivo desmantelar organização criminosa responsável pela lavagem do dinheiro por meio de movimentações milionárias, com a utilização de “laranjas”, empresas de fachada e contadores. As investigações demonstraram que o grupo não se limitava à lavagem do dinheiro de Luiz Carlos, mas também mantinha relação com diversas outras organizações criminosas atuantes em território nacional, envolvidas em outros crimes além do tráfico de drogas.

Durante as investigações, a PF apurou que o grupo movimentou R$ 4 bilhões pelas empresas controladas direta ou indiretamente por apenas um dos investigados. Foram apreendidos aproximadamente R$ 12 milhões em espécie durante as investigações.

Cabeça branca - Cabeça Branca foi preso em 2017 e era investigado há pelo menos 30 anos, mas a polícia não tinha conseguido chegar até ele porque, segundo a PF, o traficante operava sem chamar a atenção e sem se envolver diretamente com os carregamentos de cocaína.

Cabeça Branca agia com mão de ferro e através da violência para controlar o milionário esquema para mandar cargas de cocaína para países europeus. A quadrilha tinha várias formas de enviar cocaína de navio para a Europa. Blocos de concreto e até máquinas agrícolas eram usadas para esconder a droga. Uma máquina dessa foi apreendida recheada de cocaína na Itália.

Luiz Carlos foi alvo de diversas operações da Polícia Federal. Em 2018, a PF descobriu indícios de que uma das filhas do traficante e um dos filhos do doleiro Carlos Alexandre Souza, o Ceará, estudaram em uma das escolas mais caras da Suíça. A suspeita é de que a presença dos dois seria um pretexto para enviar dinheiro do tráfico para o exterior.

Ceará também foi preso em uma das ações da PF. Ele era um dos principais operadores financeiros de Cabeça Branca, responsável por depósitos, transferências e operações de câmbio ilegais com dinheiro do tráfico.

Comentários