A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul faz desde o início da manhã desta quarta-feira (11) a reprodução simulada da morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, na madrugada do dia 31 de dezembro de 2016, em Campo Grandex, durante uma briga de trânsito. O policial rodoviário federal Ricardo Su Moon, confessa o crime, está preso e participa da reconstituição usando colete balístico.
Para realização do trabalho foi preciso interditar o trânsito desde às 5h (de MS) a avenida Ernesto Geisel entre as ruas João Rosa Pires e Fernando Correa da Costa. A polícia utiliza um veículo de mesmo modelo e cor do carro de Ricardo Moon e também uma caminhonete da perícia para simular os automóveis dos dois envolvidos no caso.
A primeira reprodução foi feita com base na versão de uma testemunha. Ela estava na caminhonete do empresário morto. A segunda foi realizada de acordo com as informações do policial rodoviário federal e a terceira com relatos do adolescente que também estava no carro da vítima.
Após a versão do agente preso, peritos e policiais voltaram a falar com a primeira testemunha. Esta fez novamentes relatos do que aconteceu naquele local no início da manhã do dia 31 de dezembro.
A reconstituição é fotografada por peritos da polícia civil. As indicações e relatos das testemunhas e do agente da Polícia Rodoviária Federal são anotadas pelos peritos e pelos policiais. O objetivo é esclarecer dúvidas e pontos divergentes das versões.
Pelo menos três delegados de Polícia Civil participaram da reprodução simulada. Nenhuma declaração foi dada à imprensa. Entrevista coletiva sobre o caso está marcada para o próximo dia 17.
Entenda o caso
O policial rodoviário federal, que confessou ter matado o empresário, foi preso em casa no início da manhã do dia 5 de janeiro depois da determinação da Justiça. O policial alega legítima defesa.
Na decisão, o juiz José de Andrade Neto diz que a preventiva é para que a o policial não atrapalhe as investigações, o que, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), teria acontecido durante o flagrante. Flagrante
O policial foi preso em flagrante no dia 31 e solto na noite do dia 1º, com obrigação de cumprir medidas cautelares. O juiz que mandou soltá-lo fala que não decretou a preventiva naquela data porque entendeu que Ricardo Moon não oferecia risco à ordem pública, tem endereço e trabalho fixo.
No entanto, após análise do contexto do flagrante, relatórios periciais e de reportagens, o MPE verificou indícios de situações que poderiam influenciar na investigação sobre o caso.
Na decisão, o juiz diz: "... representação feita pelo Ministério Público e com a apresentação de novas provas e elementos objetivos, este juízo verificou a necessidade de ser decretada a prisão preventiva do indiciado Ricardo, para garantir que não haja qualquer tipo de contaminação ou influência na apuração dos fatos, para garantir a integridade da instrução criminal".
Entre os indícios de favorecimento a Ricardo Moon, José Andrade Neto cita informações sobre a roupa que o policial vestia, o fato dele ter comparecido à delegacia de Polícia Civil e não conduzido pela Polícia Militar e ainda o tempo que durou a lavratura do flagrante. Para o magistrado, as seis horas que ficaram na unidade policial não são suficientes para cumprir a burocracia.
Pedido
Além de pedir a prisão do policial, o MPE quer que seja feita perícia o mais rápido possível no suposto buraco que a vítima teria desviado e assim fechado o veículo do policial, em vídeos que circulam na internet, que sejam ouvidos jornalistas que estiveram no local, pessoas que testemunharam a cena, moradores e ainda que seja feita uma varredura em casas e comércios a procura de imagens de câmeras de segurança. O MPE quer ainda perícia nos telefones do policial e do empresário.
Crime
As imagens do carro do empresário podem ajudar a entender a dinâmica do crime. Segundo a perícia, todos os sete tiros atingiram a camionete. Três acertaram o para-brisa, em direção ao empresário e os outros quatro, as laterais. Ele bateu a caminhonete em um poste e pessoas que estavam no veículo ficaram feridas.
Versão
O agente rodoviário e os dois amigos do empresário que sobreviveram já prestaram depoimento. Na versão das vítimas, quando entraram na avenida Ernesto Geisel, no Centro, o empresário invadiu a faixa por onde passava o policial. Logo depois, parou no sinal vermelho.
O policial atravessou o carro na frente, para impedir a passagem e começou a discussão. As testemunhas disseram, ainda, que o empresário tentou acelerar para sair com o carro. Nessa hora, o policial começou a atirar.
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