Esperando que a Justiça faça a contagem do seu tempo de serviço para que ele peça a aposentadoria, o juiz federal Odilon de Oliveira, conhecido por sentenciar traficantes internacionais e atuar em ações contra o crime organizado, não quer perder os seguranças armados que o acompanham depois que deixar o cargo. Ele consultou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre a possibilidade da escolta ser mantida depois que ele parar de atuar.
Por ter condenado vários "chefões do tráfico" – Fernandinho Beira-Mar é um deles -, Odilon já recebeu várias ameaças de morte e prefere nem comentar o assunto. "Acho que é importante continuar sendo escoltado", foi o que disse ao Campo Grande News.
Em entrevista ao jornal Estadão, o juiz que virou filme disse que se sente "refém da toga". "Se saio na rua aposentado e sem escolta, fico tão vulnerável que sou morto a porrete", afirmou.
Embora tenha medo, Odilon garante que vai se aposentar assim que for possível. Aos 68 anos – 56 de trabalho, sendo 30 na magistratura –, o juiz diz estar cansado. "Eu poderia ficar até os 75 anos, mas estou saturado da hipocrisia da Justiça Penal brasileira e queria parar. O que está pegando é a segurança", também comentou com a reportagem do Estado de S. Paulo.
Perguntado sobre o que pretende fazer quando deixar o cargo, ao Campo Grande News, Odilon respondeu: "absolutamente nada".
Ele garante que está bem de saúde e quer aproveitar "o resto da vida".
Anúncio
Pelo Facebook, Odilon de Oliveira anunciou que se aposentaria no dia 23 deste mês, mas em 2014, quando cogitou-se a possibilidade dele se candidatar ao Governo do Estado, o magistrado declarou à reportagem que já "se preparava para a aposentadoria".
Na postagem, o juiz federal se diz "saturado pela hipocrisia da justiça penal brasileira" e completou: "embora tenha causado enorme constrangimento para nossa família, ainda não me arrependi de nada. Na terra, cada vida tem um propósito divino".
História
Odilon de Oliveira nasceu em 26 de fevereiro de 1949, na Serra do Araripe, município de Exu, Pernambuco. Filho de lavradores, trabalhou na roça até os 17 anos de idade.
Foi alfabetizado em sua própria casa e se formou em Direito aos 29 anos. Antes de ser juiz, foi promotor de justiça e procurador federal.
Atualmente, ele é o titular da 3ª Vara Federal Criminal de Campo Grande.
Filme
O longa "Em Nome da Lei" inspirado na história do juiz foi gravado em Dourados e tem no elenco os atores globais Mateus Solano (que interpreta o magistrado), Paolla Oliveira, Chico Díaz e Eduardo Galvão. O filme foi lançado em abril do ano passado.
Comentários