Um servidor público municipal de Dourados tornou-se notícia nacional nesta terça-feira (9). Fiscal de posturas municipais lotado na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos desde 2004, Wellington José Carvalho de Almeida é apontado como um falso policial federal que extorquia contrabandistas de cigarro na região sul de Mato Grosso do Sul. Preso no dia 26 de fevereiro, teria pedido R$ 1 milhão para livrar criminosos de uma operação que sequer ocorreria.
Essas informações foram publicadas na madrugada de hoje pelo Portal UOL e revelam detalhes da acusação feita pelo MPF (Ministério Público Estadual) em processo que tramita sob sigilo. Mesmo preso em Ponta Porã, Wellington obteve salário de R$ 6,1 mil na Prefeitura de Dourados em março, conforme dados do Portal da Transparência do município obtidos pela 94FM.
De acordo com a matéria assinada pelo jornalista Vinicius Konchinski, em Curitiba, o fiscal de posturas municipais de Dourados “fingiu ser policial federal para entrar na quadrilha e receber propinas por informações que ele dizia ter, mas que nunca fizeram sentido”.
A publicação cita trechos da denúncia feita à Justiça Federal para afirmar que Wellington “conseguiu enganar contrabandistas, passou a receber pagamentos periódicos deles e chegou a negociar o pagamento de R$ 1 milhão para parar uma operação inventada por ele”.
A prisão desse servidor foi noticiada pela 94FM no dia 26 de fevereiro, quando a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Nepsis. Na ocasião, as autoridades informaram que o homem preso “atuava auxiliando no escoamento logístico dos cigarros contrabandeados, prestando serviços de contra vigilância, ou seja, favorecendo o monitoramento pela organização criminosa da fiscalização policial nas rodovias”.
Inserido num “consórcio de grandes contrabandistas” que criaram “sofisticada rede de escoamento de cigarros contrabandeados do Paraguai pela fronteira do Mato Grosso do Sul”, Wellington “identificou a oportunidade de se passar por agente de polícia federal e vender informações aos chefes da máfia dos cigarros sobre possíveis operações policiais, recebendo valores em nome de uma equipe inexistente de policiais federais fictícios, bem como em nome de membros do Poder Judiciário”, segundo divulgação feita pela PF na ocasião.
Agora, o UOL revela que Wellington “passou a ser investigado pela PF em março do ano passado, quando se envolveu numa briga com policiais rodoviários federais. Na ocasião, ele e seu irmão gêmeo Alisson – que está preso desde setembro por suposta ligação com o esquema de contrabando de cigarros – perceberam que estavam sendo filmados por policiais rodoviários à paisana quando chegaram a um posto de gasolina, em Maracaju (MS)”.
No local, ambos identificaram-se como policiais federais. Alisson, que na verdade é policial militar em Mato Grosso do Sul, apontou arma para os policiais rodoviários e seu irmão os revistou. Houve uma confusão porque Wellington não apresentou identidade funcional e a PM precisou ser acionada.
Somente em setembro de 2018 os gêmeos foram presos, durante a primeira fase da Operação Nepsis. Wellington foi solto em cinco dias, mas, segundo o UOL, a PF já havia encontrado indícios de sua atuação criminosa, como uma conversa em que ele negocia com um cigarreiro o pagamento de R$ 10 mil por ciclo de contrabando.
Ainda de acordo com a publicação, em 26 de fevereiro policiais federais encontraram na casa do servidor municipal de Dourados um fuzil e uma espingarda de brinquedo, além de cheques (de R$ 11 mil e de R$ 45 mil) e u veículo. Por fim, a reportagem cita afirmação do advogado Alberi Rafael Dehn Ramos, que defende Wellington que nega as acusações.
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