Testemunhas ouvidas até agora pela Polícia Civil desmentem a versão do policial militar Nader Cáceres Charif, de 23 anos, de que o adolescente Alex Sandro da Silva Molina, de 17 anos, morto com um tiro na noite de terça-feira (21), em Ponta Porã, teria tentado atropelá-lo com a motocicleta.
O adolescente foi morto pelo policial ao tentar fugir de uma abordagem, na rua Pedro Ângelo da Rosa, na fronteira com o Paraguai. “Ele tentou fugir porque estava com uma moto irregular do Paraguai, mas era trabalhador e estudava”, disse o delegado.
Em depoimento, testemunhas disseram que o policial disparou seis tiros, mas conforme Clemir, um tiro atingiu Alex nas costas, acertou o coração e transfixou no tórax. A vítima chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu.
“Existe uma contradição grande entre o depoimento do policial com os das pessoas ouvidas até agora. Caso seja procedente a versão das testemunhas, o policial pode responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar”, explica Clemir.
Ainda de acordo com o delegado, o inquérito foi instaurado e tem um prazo de 30 dias para ser encerrado. “Ainda falta o laudo necroscópico, mas o caso já está bem adiantado”, afirma.
No momento da abordagem Alex voltava de uma lanchoente, onde trabalhava. Na manhã desta quinta-feira (23), a Câmara Municipal de Ponta Porã divulgou uma nota, lamentando o caso.
Versão da Polícia
De acordo com a versão da PM, os militares deram ordem de parada a quatro jovens que ocupavam duas motocicletas. Dois deles pararam e os que estavam na outra moto não: o garupa quis fugir a pé, mas foi pego, e o piloto jogou o veículo contra um soldado.
O policial se jogou ao chão para não ser atropelado e atirou em direção a moto. Após a conclusão da abordagem dos três jovens, os militares foram em busca do motociclista que havia fugido e o encontraram caído ao lado do veículo.
O adolescente foi levado ao hospital, mas, não resistiu ao ferimento na região lombar. O soldado da PM se apresentou espontaneamente na delegacia e entregou a arma utilizada.
Segundo a PM, será instaurado inquérito policial militar para apurar os fatos e as circunstâncias que levaram ao disparo de arma de fogo. O soldado ficará inicialmente afastado das atividades de rua, até que passe pela avaliação psicológica do Fundo de Assistência Feminino.
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