Armamento apreendido com facções criminosas foi desviado da Direção de Material Bélico
Três militares do Exército do Paraguai foram presos acusados de desviar armamento apreendido com organizações criminosas. Os suboficiais de material bélico Rodrigo Eugenio Arrúa Moreno, Octavio Daniel Arrúa Giménez e Milcíades Miranda Cáceres eram lotados na Dimabel (Direção de Material Bélico), órgão ligado às Forças Armadas do país vizinho.
Fuzis e pistolas apreendidos em operações da Polícia Nacional e da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) contra facções atuantes na fronteira com o Brasil estavam recolhidos na Dimabel, mas voltaram para as mãos dos criminosos.
Outra suspeita contra os militares é o desvio de munições oficiais que foram parar nas mãos de criminosos. Parte dos 117 cartuchos de fuzis calibres 5,56 e 7,62 usados na chacina de quatro pessoas em Pedro Juan Caballero, no dia 9 de outubro, foi fabricada pela Dimabel.
Promotores de Justiça que integram a força-tarefa contra o crime organizado concederam entrevista coletiva nesta terça-feira (9) em Asunción, a capital do Paraguai, para dar detalhes da investigação.
Segundo o promotor Marcelo Pecci, a maioria das armas apresentadas pelo comando da Dimabel durante buscas no órgão militar foi adulterada ou se trata de réplicas, de ar comprimido, conhecidas no Brasil como “armas de pressão”.
O promotor disse que o resultado dos estudos técnicos e balísticos feitos até agora mostra que não se trata apenas do sumiço de peças de dentro do órgão que tem a obrigação de custodiar armas apreendidas, mas também há casos de adulteração do armamento.
Já a promotora Alicia Sapriza disse que durante as buscas na sede da Dimabel, em outubro deste ano, 16 fuzis e pistolas apreendidos com criminosos em 2018 foram recolhidos para serem periciados. “Nesse mesmo dia constatamos a falta de seis armas. No dia seguinte a Dimabel apresentou oito pistolas, mas sete delas não correspondiam ao caso de 2018”.
A perícia já confirmou, segundo a promotora, o caso de uma arma apreendida em 2018 e que voltou a ser usada em crimes, em outubro deste ano. “Quando pedimos inventário das armas da instituição, nos entregaram fuzis de jogos (paintball) e réplicas”, afirmou Alicia.
Outro detalhe apontado como grave pelos promotores: os números de série de várias armas em poder da Dimabel foram trocados. “Em vistoria simples, se pode notar que as armas são novas, sem nenhum vestígio de tempo, com novos dados, novos números de série”.
Marcelo Piloto – Em 4 de outubro de 2018, policiais paraguaios encontraram um arsenal em casa na periferia de Asunción. O armamento seria utilizado no regate do traficante brasileiro Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o “Marcelo Piloto”, na época recolhido no quartel a Agrupación Especializada (grupo de elite da polícia).
As armas foram encaminhadas para a Direção de Material Bélico. No dia 25 de março deste ano, no entanto, uma pistola Glock 9 milímetros com seletor de rajadas, parte do arsenal apreendido em 2018, foi encontrada durante buscas em Luque, cidade na região metropolitana da capital paraguaia.
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