A pobreza nos Estados Unidos é ampla e se aprofunda sob o governo Trump, cujas políticas parecem estar destinadas a remover uma rede de proteção ao redor de milhões de pessoas empobrecidas ao mesmo tempo em que favorece os ricos, afirma um investigador de direitos humanos da ONU.
Philip Alston, relator especial da Organização das Nações Unidas sobre a pobreza extrema, pediu que as autoridades norte-americanas garantam proteção social e abordem problemas estruturais, em vez de "punir e aprisionar os pobres".
Enquanto benefícios de segurança social e o acesso à Saúde são cortados, a reforma tributária do presidente Donald Trump garantiu ganhos financeiros aos mega-ricos e grandes empresas, aumentando ainda mais a desigualdade, diz Alston em relatório.
As políticas norte-americanas desde a guerra à pobreza do presidente Lyndon Johnson nos anos 1960 têm sido "negligentes para dizer o mínimo", classifica Alston.
"Mas as políticas adotadas ao longo do último ano parecem ser deliberadamente desenvolvidas para remover proteções básicas dos mais pobres, punir aqueles que não estejam empregados e tornar até o acesso à saúde básica em um privilégio a ser conquistado, e não um direito inerente à cidadania", disse.
Quase 41 milhões de pessoas, ou 12,7% da população, vivem em situação de pobreza, enquanto 18,5 milhões estão em situação de extrema pobreza, sendo que crianças representam um em cada três membros dessas populações vulneráveis, segundo o especialista da ONU. Os Estados Unidos têm a maior taxa de pobreza entre jovens entre todos os países industrializados, acrescentou.
"Seus cidadãos têm vidas mais curtas e mais doentes, se comparados com outros vivendo em outras democracias ricas, doenças tropicais erradicáveis estão cada vez mais presentes, além do país ter a maior taxa de encarceramento (...) e os maiores níveis de obesidade no mundo desenvolvido", disse Alston.
Entretanto, os dados do Censo dos Estados Unidos citados por ele cobrem apenas o período até 2016. Alston não ofereceu dados comparativos na extensão da pobreza antes e depois do início do governo Trump, em janeiro de 2017.
O australiano, um veterano especialista em direitos humanos na ONU e professor de Direito na Universidade de Nova York, irá apresentar seu relatório ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas ainda neste mês.
O documento é baseado em sua expedição em dezembro em diversos Estados norte-americanos, incluindo a parte rural do Alabama, um subúrbio de Los Angeles, na Califórnia, e em Porto Rico, território pertencente aos Estados Unidos.
Uma autoridade norte-americana em Genebra consultada pela Reuters comentou: "O governo Trump tomou como prioridade disponibilizar oportunidades econômicas para todos os americanos".
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