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Brasil se torna pioneiro em reconstrução de vagina com pele de peixe

Pele de tilápia: fácil absorção pelo organismo e rápida recuperação do paciente (Leonardo Bezerra/Divulgação) Pele de tilápia: fácil absorção pelo organismo e rápida recuperação do paciente (Leonardo Bezerra/Divulgação)

O Brasil se tornou o primeiro país no mundo a realizar cirurgias de reconstrução do canal da vagina usando pele de peixe – no caso, a tilápia – em substituição à pele humana. De abril do ano passado até agora, seis mulheres já foram operadas em caráter experimental e outras duas passarão pelo procedimento no fim deste mês na Maternidade Escola Assis Chateaubriand, ligada à Universidade Federal do Ceará (UFC).

Essas mulheres possuem a Síndrome de Rokitansky, uma malformação congênita rara, conhecida como agenesia vaginal e que atinge uma mulher a cada cinco mil nascidas. Nelas, a parte externa da vagina (vulva), onde ficam os pelos e os pequenos e grandes lábios, é perfeitamente normal, mas o canal interno não existe ou é curto demais. Em alguns casos, elas não têm útero, o que as impede de ser mães.

A consequência disso é que sem o canal vaginal a mulher não menstrua (pois o sangue não consegue ser eliminado) e não consegue ter relações sexuais. Por isso, geralmente a Síndrome de Rokitansky é detectada apenas na puberdade, quando a adolescente se dá conta de que não menstruou enquanto outras amigas já menstruam, ou quando ela inicia a atividade sexual, pois encontra dificuldades e dores ao manter o contato íntimo.

A jovem Maria Jucilene Moreira Marinho, de 23 anos, do interior do Ceará, foi a primeira mulher do mundo a ser submetida à técnica cirúrgica, em abril do ano passado. Ela nasceu sem o canal da vagina, sem útero e ovários e só conseguiu um diagnóstico do seu problema aos 22 anos, sete anos depois de procurar o primeiro médico por conta de fortes dores abdominais.

Pele de peixe

A ideia de usar a pele da tilápia na reconstrução vaginal surgiu do professor adjunto em ginecologia e obstetrícia da UFC Leonardo Bezerra, em parceria com a professora Zenilda Bruno, chefe da Divisão Médica do hospital escola. Isso ocorreu porque pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, liderados pelo professor Edmar Maciel, também são pioneiros no uso da pele desse peixe no tratamento de pessoas queimadas – mais de 300 pacientes já trataram suas queimaduras com sucesso usando a tilápia como enxerto.

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