Com apenas dois transplantes de rins sendo realizados por ano em Mato Grosso do Sul, a fila só anda quando o paciente morre ou sai do Estado. A constatação é do presidente da Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantados, Feliciano Paiva, que afirma que no ano passado Dourados registrou 29 mortes de pacientes da hemodiálise. O assunto ganha ainda mais destaque tendo em vista que hoje é o Dia Mundial do Rim.
Conforme Feliciano, há pelo menos 4 anos o serviço de transplantes só acontece a "conta gotas". "Houve o descredenciamento das equipes da Santa Casa em 2013 e de lá para cá o hospital, que é único credenciado no Estado, já está novamente habilitado mas ainda não está a todo vapor", lamenta.
Feliciano ainda diz que mais de 400 pacientes estavam na fila de transplantes em 2013 e que hoje o Estado informa apenas 41 pessoas. "O dado é curioso porque de lá para cá não ocorreram transplantes. Então para onde foram esses 360 pacientes que estavam na fila?", indagou.
Segundo ele, o transplante é a única chance do renal crônico sobreviver à doença. "A Hemodiálise prolonga a vida mas o transplante garante qualidade de vida. Para os transplantados, como eu, é muito difícil ver que os companheiros que ainda precisam da cirurgia não vão sair da máquina de hemodiálise", lamenta .
Hemodiálise
Outro problema em Dourados é a falta de vagas na hemodiálise. São 306 pacientes sendo atendidos em clínicas conveniadas com o Sistema Único de Saúde. Outros 40 pacientes que deveriam ser atendidos em Dourados são "exportados" para Ponta Porã devido ao esgotamento de vagas.
Estado
A coordenadora da Central Estadual de Transplante, Claire Miozzo, reconheceu o problema do descredenciamento das equipes de transplante da Santa Casa que paralisou por dois anos (2013 e 2014) os atendimentos. Em 2015 foram 2 procedimentos, mesmo numero de 2016. Cleire observa que a Santa Casa já está habilitada novamente com uma nova equipe, e que falta um ajuste burocrático para que volte a funcionar a todo o vapor.
Cleire explicou ainda que com o descredenciamento, uma nova equipes teve que ser habilitada. Com isso, o estado está tendo que refazer os cadastros e por isso em 2013 havia 400 pacientes na fila e agora apenas 41. "A listagem está ainda em faze de elaboração porque os pacientes precisam de todo um acompanhamento e procedimentos pré cirúrgico com a nova equipe", destaca. A Assessoria do Estado informou que está analisando a chance do Hospital regional de Campo Grande oferecer o serviço, mas ainda está em fase de estudo essa possibilidade.
Santa Casa
A Santa Casa de Campo Grande informou que os transplantes ocorreram de forma lenta porque teve que preparar uma nova equipe multiprofissional e que ela só foi habilitada no final do ano passado. Em nota a assessoria informou que já voltou à normalidade dos transplantes. "Equipe e hospital credenciados, plantões e insumos a postos, todavia isto depende de fatores como a existência de doadores e a compatibilidade destes com pessoas da lista de espera. Ontem de noite (7), por exemplo, surgiu uma doação de paciente falecido. Correu-se a lista local e não foi encontrado nenhum paciente compatível. Foi ativada a lista nacional e conseguiu-se receptor compatível. Os órgãos foram retirados às 2h47 da madrugada e transportados para os devidos destinos. Ou seja, a captação segue normal, mas depende de receptores compatíveis para que o transplante ocorra aqui. A equipe de transplantes nos informou hoje que está finalizando exames para um possível transplante entre vivos nos próximos dias".
A Assessoria informou que a previsão é de que pelo menos 2 procedimentos sejam feitos por mês para atender a portaria do Sistema Único de Saúde. A Assessoria disse ainda que hoje, Dia Internacional do Rim, o hospital vai disponibilizar uma equipe durante todo o dia em frente a Hemodiálise fazendo exames básicos e informando sobre cuidados e precauções em favor do órgão.
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