PREVENÇÃO

Especialista alerta sobre o glaucoma, principal causa de cegueira irreversível no mundo

Lembrado em 26 de maio, o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma é um alerta sobre a principal causa de cegueira irreversível no mundo.

Especialista em catarata e glaucoma, médico oftalmologista Ticiano Fernandes alerta sobre importância das consultas de rotina - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News Especialista em catarata e glaucoma, médico oftalmologista Ticiano Fernandes alerta sobre importância das consultas de rotina - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News

Lembrado em 26 de maio, o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma é um alerta sobre a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Segundo o médico Ticiano Fernandes, oftalmologista do corpo clínico do Hospital de Olhos Dourados e especialista nessa doença ocular grave, 80% dos portadores não apresentam sintomas na fase inicial, o que reforça a necessidade de consultas rotineiras ao oftalmologista como meio de prevenção.

“O glaucoma é uma doença ocular grave caracterizada por lesão progressiva do nervo óptico e perda irreversível do campo visual, na maioria das vezes associada a elevação da pressão intraocular. Há vários outros fatores de risco, contudo, pressão intraocular elevada é a principal causadora da lesão do nervo óptico e o tratamento baseia-se na sua redução e controle”, explica.

Douradense, ele é graduado em Medicina pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), fez residência médica em Oftalmologia na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), é especialista em Glaucoma pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo – IAMSPE e especialista em catarata pela Unidade Paulista de Oftalmologia – UPO-SP.

Segundo o médico, a OMS Organização Mundial da Saúde estima que em 2020 exista ao menos 80 milhões de pessoas portadoras da doença e que a cada ano surjam mais 2,4 milhões de casos novos.

“O que sabemos é que nos últimos anos tem havido mais casos por causa do envelhecimento da população e por se fazer mais diagnóstico hoje do que no passado. No Brasil, há escassez de informações quanto à prevalência do glaucoma, mas a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) calcula cerca de 1 milhão de pessoas com glaucoma”, pontua.

Oftalmologista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e membro da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Ticiano Fernandes atuou no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo – SP, um dos setores de referência em oftalmologia no Brasil, e foi preceptor do setor de glaucoma na Unidade Paulista de Oftalmologia (UPO), também na capital paulista.

“80% dos portadores de glaucoma, na fase inicial, não apresentam sintomas e na maioria das vezes o paciente só percebe a perda de campo visual, principalmente a visão periférica, nos estágios mais avançados da doença”, detalha.

No grupo de risco, estão pessoas com mais de 40 anos; pessoas com histórico de glaucoma na família, pessoas de etnia africana ou asiática; pessoas que sofreram lesões físicas no olho: um trauma grave pode causar danos ao canal de drenagem; e portadores de miopia e outras alterações oculares.

Também se enquadram pelo uso de alguns medicamentos. “Algumas pessoas são sensíveis aos corticoides e podem apresentar um aumento da pressão intraocular secundário ao uso destes medicamentos. Quanto às condições médicas, alguns estudos indicam que o diabetes pode aumentar o risco de desenvolver glaucoma”, alerta.

O médico reforça que os grupos de risco da doença precisam tomar cuidados especiais e realizar exames oftalmológicos mais frequentes para detecção precoce do glaucoma.

“Diante da ausência de sintomas, na maioria dos casos, o diagnóstico do glaucoma acontece no momento da consulta oftalmológica de rotina. A primeira suspeita do problema é identificada através da medição da pressão ocular, procedimento que deve ser feito em qualquer consulta oftalmológica. Porém, nem todos os pacientes com glaucoma apresentam aumento da pressão intraocular. Outro exame fundamental para investigar a doença é o que chamamos de exame de fundo de olho, onde o médico irá verificar não só a retina, como também o nervo óptico”, afirma.

O especialista pontua que ainda na fase de diagnóstico, além da avaliação clínica, o médico oftalmologista pode lançar mão de mais inúmeros exames para ajudar seus pacientes a confirmarem a suspeita diagnóstica.

Sobre o tratamento, revela que tem como objetivo impedir a progressão da perda visual. “Uma vez que é realizado o diagnóstico, as formas de tratamento serão indicadas pelo especialista de acordo com cada caso, e podem ser através de procedimentos clínicos, como uso de colírios com a finalidade de reduzir a pressão ocular; cirúrgicos ou a combinação dos dois”.

“A eficácia do tratamento está ligada a outro fator fundamental: o diagnóstico precoce é dificultado pela ausência de sintomas no início da doença, especialmente no caso do glaucoma de ângulo aberto (apresentação mais comum da doença). Por isso, a melhor forma de identificar e tratar o glaucoma com antecedência é através de consultas periódicas com o médico oftalmologista”, destaca.

Ele cita ainda que OMS acredita que em países em desenvolvimento como o Brasil, 80% da cegueira, se detectada e tratada em tempo hábil, poderia ser prevenida ou curada.

“Outro fator importante relacionado ao sucesso da terapia, é a adesão ao tratamento proposto. Por não perceberem a evolução da doença, muitos pacientes tendem a negligenciar a administração desses remédios, o que reflete negativamente no resultado do tratamento”, finaliza.

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