DOURADOS

MPE pede explicações a grupo contratado por R$ 21 milhões para atender oncologia

Ministério da Saúde informou que somente Hospital Evangélico está credenciado para esse atendimento no município, mas prefeitura diz que diretor do órgão atestou estrutura

Prefeitura divulgou que diretor de Atenção Especializada do Ministério da Saúde atestou estrutura de Oncologia de Dourados (Foto: A. Frota) Prefeitura divulgou que diretor de Atenção Especializada do Ministério da Saúde atestou estrutura de Oncologia de Dourados (Foto: A. Frota)

O MPE-MS (Ministério Público Estadual) notificou representantes das secretarias municipal e estadual de Saúde, da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) e do CTCD (Centro de Tratamento de Câncer Dourados) a prestarem esclarecimentos sobre falta inconformidades encontradas durante auditoria do SUS (Sistema Único de Saúde). 

Cassems e CTCD formam o grupo contratado pela Prefeitura de Dourados por R$ 21 milhões para prestação de serviços médicos hospitalares e ambulatoriais de média e alta complexidade na área de Oncologia. Contudo, o Ministério da Saúde informou que o único estabelecimento de saúde habilitado para o tratamento do câncer na grande região de Dourados é o Hospital Evangélico Dr. e Sra Goldby King/Associação Beneficente Douradense.

“O estado de Mato Grosso do Sul não enviou, até o momento, nenhuma habilitação de novo serviço”, detalhou ofício enviado ao promotor Eteócles Brito Mendonça Dias Junior, da 10ª Promotoria de Justiça de Dourados, em julho deste ano por Sandra Ramos, coordenadora-geral substituta da Coordenação-Geral de Atenção Especializada do ministério.

Parte do Inquérito Civil nº 06.2017.00001417-1, instaurado para apurar “a regularidade técnica e jurídica da política de transição da prestação de serviços médicos de Alta Complexidade em Oncologia na cidade de Dourados”, esse documento acrescentava que “somente após o hospital obter os processos de cadastramento, credenciamento e habilitação local e central, o estabelecimento de saúde estará apto a realização de procedimentos de média alta complexidades”.

No final de novembro, o promotor instaurou outro inquérito, de número 06.2018.00003296-2, para “apurar as causas que deram ensejo às inconformidades apontadas no Relatório de Visita Técnica nº 277 de 2018, realizado pelo Componente Municipal de Auditoria SUS no Hospital CASSEMS/CTCD, bem como produzir medidas resolutivas à sua superação”.

Neste procedimento, no dia 4 de dezembro foram oficiados os secretários de Saúde do município (Renato Vidigal) e do Estado, Carlos Alberto Moraes Coimbra, bem como a direção do hospital da Cassems, a apresentarem defesa e documentos pertinentes no prazo de 10 dias.

Os esclarecimentos solicitados são sobre as inconformidades apontadas no Relatório de Visita Técnica n° 277 de 2018, realizado pelo Componente Municipal de Auditoria SUS no Complexo Hospitalar CASSEMS/CTCD, cujo objetivo foi avaliar o cumprimento a Portaria GM/MS n° 140 de 27 de fevereiro de 2014 para fins de credenciamento e habilitação como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia - UNACON do Hospital da Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul (CASSEMS) e do Centro de Tratamento de Câncer de Dourados, e que evidenciou inconformidades diante da legislação vigente.

Conforme o Portal da Transparência da Prefeitura de Dourados, somente neste ano o Hospital da Cassems teve R$ 4.422.623,97 empenhados e R$ 4.236.588,16 pagos pelo município “para atender a despesas com execução de serviços médicos hospitalares e ambulatoriais de média e alta complexidade na área de Oncologia, em atendimento a Atenção Especializada. Conforme Processo Licitatório n° 470/2016, Concorrência Pública 11, com recursos da c/c 22.162-7”. Já o CTCD obteve R$ 1.270.306,32 em empenhos e 607.752,00 em pagamentos no mesmo período.

Vencedores de licitação realizada pela prefeitura, esses prestadores de serviços médicos foram contratados por mais de R$ 21 milhões para assumirem o trabalho até então prestado pelo HE (Hospital Evangélico). Desse montante, R$ 17.743.194,30 para a Cassems atuar nos procedimentos cirúrgicos, e R$ 3.464.471,70 ao CTCD, responsável pelo atendimento de Radioterapia e Quimioterapia.

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