Saúde

OMS recomenda não usar ibuprofeno para tratar Covid-19

Recomendação vem depois que o ministro da Saúde francês alertou contra o uso da substância com base em pesquisa publicada na semana passada. Especialistas ouvidos pelo G1 também não aconselham o remédio.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou, nesta terça-feira (17), que as pessoas não usem ibuprofeno para tratar possíveis sintomas de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

 

"Em casos suspeitos, recomendamos paracetamol, e não ibuprofeno", declarou um dos porta-vozes da organização, Christian Lindmeier. A orientação serve para casos em que a ingestão dos medicamentos é feita sem orientação médica.

 

A recomendação da entidade veio depois que o ministro da Saúde francês alertou, no sábado (14), contra o uso da substância, que é encontrada em anti-inflamatórios. Especialistas ouvidos pelo G1 também não aconselharam o remédio para tratar a Covid-19.

As orientações foram feitas depois da publicação de uma pesquisa, na semana passada, sugerindo que pacientes com diabetes e hipertensão que eram tratados com ibuprofeno tinham mais riscos de desenvolver quadros severos da doença.

Para o infectologista Celso Granato, professor da Unifesp e diretor clínico do grupo Fleury, em São Paulo, a evidência mostrada na pesquisa não é forte, mas, mesmo assim, significa que precisa haver cuidado.

 

"A orientação que nós temos é: procure não usar ibuprofeno. Existem vários outros anti-inflamatórios, antitérmicos - por exemplo, paracetamol - que têm o mesmo efeito e não têm evidência de que têm esse problema", lembrou Granato.

 

Além do ibuprofeno, os especialistas também não recomendam o uso de aspirina corticoides.

 

Posicionamento do ministério

 

Antes da declaração da OMS, na segunda-feira (16), o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, foi questionado sobre o uso do ibuprofeno durante coletiva de imprensa. A pergunta, entretanto, não foi feita especificamente sobre o uso do medicamento para o combate à Covid-19.

O secretário respondeu que "não há necessidade, não há comprovação que justifique a recomendação para que os pacientes substituam o uso do ibuprofeno. Não existe, podem continuar usando", afirmou.

Depois da declaração da OMS, o ministério informou na tarde de terça que vai fazer uma nova revisão bibliográfica e divulgar uma nota técnica sobre o uso do ibuprofeno.

 

 

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