Andy e Rachel foram adotados pelo casal Sharon e Paul, que também criam outros três filhos adotivos.
Quando pequeno, Andy tinha ataques de pânico em lugares com muita gente. Enfrentava dificuldade para executar atividades cotidianas simples como escovar os dentes.
Tinha problemas para se concentrar. Médicos haviam diagnosticado Andy com síndrome do espectro alcoólico fetal, mas os serviços de assistência social, segundo a mãe adotiva, nunca deram muita importância.
Andy também sofre com problemas físicos provocados pelo consumo de álcool da mãe biológica. A mandíbula inferior se desenvolveu corretamente, mas a superior, não. Aos 17 anos, ele precisou passar por uma cirurgia.
Rachel também tem problemas físicos, como dificuldades para movimentar as articulações e percorrer grandes distâncias a pé. A síndrome foi diagnosticada quando ela tinha seis anos. Ela sofre, ainda, com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Não há dados oficiais sobre quantas crianças sofrem com esse tipo de síndrome, porque ela é considerada de difícil diagnóstico. Estudo do Centro de Dependência e Saúde Mental do Canadá estima que 119 mil crianças com Síndrome Alcoólica Fetal nasçam a cada ano no mundo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, estudos apontam que de cada 1 mil nascidos vivos, de dois a sete bebês apresentam sinais do problema.
Entre os sintomas, há danos cerebrais, problemas físicos e no sistema nervoso central, entre outros. As manifestações da síndrome, em sua maioria, não têm cura.
Ainda conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria, entre os sintomas mais comuns da Síndrome Alcoólica Fetal estão:
- alterações faciais;
- atraso no crescimento;
- desordens de comportamento e de aprendizado;
- comprometimento em diferentes órgãos, aparelhos e sistemas, principalmente no nervoso central.
Há também três alterações faciais relacionadas à Síndrome Alcoólica Fetal, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria. São elas: pálpebras estreitas e pequenas, ausência de filtro nasal e borda vermelha do lábio superior fina. Além disso, também podem ocorrer microcefalia, problemas no fígado, rins, coração, além de déficit de audição e visão.
A prevenção, segundo especialistas, está baseada na abstinência total de consumo de álcool pela mulher grávida e também pela mulher que deseja engravidar.
"É preciso diagnosticar todas as crianças que sofrem [com a síndrome] e ajudá-las para evitar que padeçam de transtornos derivados, como problemas de saúde mental. A Síndrome Alcoólica Fetal causa um dano cerebral permanente, mas também não é uma sentença perpétua. Com ajuda, dá para viver uma vida plena", explica Sharon, a mãe adotiva de Rachel e Andy.
Os dois filhos adotivos de Sharon compartilham sentimentos similares em relações às mães biológicas.
"Eu tenho de lutar todos os dias com alguns sintomas sabendo que eles eram totalmente evitáveis. É muito difícil, mas não sei qual era a situação da minha mãe ou quais eram as circunstâncias da vida dela", diz Andy.
Rachel, por sua vez, reconhece que ter sentimentos controversos em relação à mãe. "Me sinto frustrada e triste, mas tento ser compreensiva porque talvez minha mão biológica não soubesse as consequências do que estava fazendo. De toda forma, tenho de viver cada dia sabendo que sou diferente porque uma pessoa cometeu um erro", afirma.
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