Em junho do ano passado, Fraser percebeu que um fio de cabelo seu estava enrolado em dois dedos da filha, então com três meses - deixando-os roxos e inchados.
Segundo Bruno Naves, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, a síndrome tem ocorrências eventuais, mas não muito frequentes. Ainda assim, é recomendado que os pais monitorem a presença de fios de cabelo ou de outra natureza (como de tecidos) nas extremidades do corpo dos bebês - principalmente aqueles com poucos meses de idade.
"A melhor forma de prevenção é dar uma examinada cuidadosa nos dedos das mãos, dos pés e até nos calçados dos bebês", explicou Naves em entrevista à BBC Brasil. "Crianças com até 3 meses são mais vulneráveis, pois não se movimentam muito e não têm os dedos suficientemente grossos. A manifestação da síndrome costuma começar com uma irritabilidade, um choro que ninguém dá conta. O local danificado fica vermelho, quente e inchado.
Sintomas como estes foram percebidos por Gemma Fraser ao trocar a fralda da filha, Orla. A mãe lembrou-se do susto em uma entrevista ao programa de Kaye Adams na rádio da BBC na Escócia.
O fio de cabelo estava preso de tal maneira que Fraser não conseguiu removê-lo sozinha, precisando chamar uma ambulância. Um paramédico precisou de 45 minutos para conseguir realizar a tarefa.
A bebê foi encaminhada então para um hospital em Edimburgo, capital da Escócia.
Depois de ser atendida, a menina foi enviada para casa com a recomendação de usar um creme antibiótico. Um dos dedos sarou depois de algumas semanas, mas outro, não.
"A ferida ainda estava aberta e muito inchada. E então começou a sair pus", contou Fraser.
Depois de várias outras consultas com médicos, Orla foi encaminhada para um cirurgião plástico.
"A pele estava saindo, dava para ver as partes internas do dedo dela. Uma das enfermeiras disse que possivelmente havia ainda um fio de cabelo dentro da ferida".
Por ser muito nova, Orla precisou ser operada sem anestesia geral. Segurada pela mãe às lágrimas, a bebê finalmente teve a ferida higienizada pelo cirurgião.
Segundo a mãe, o tempo entre a percepção do problema e a cirurgia foi de cinco meses.
"Uma das enfermeiras me falou da síndrome do torniquete e fiquei chocada quando vi imagens de crianças que não tiveram a sorte de Orla, tendo que ter os dedos amputados", lembra a mãe.
"Quando olho para trás, Orla definitivamente estava diferente naquela semana. Eu só queria que eu soubesse disso (da síndrome do torniquete) como uma possível causa".
Falando no mesmo programa, a parteira Cass McNamara explicou: "As pessoas devem ficar cientes disso, devem monitorar o bebê todo dia. O cabelo é incrivelmente forte e pode atuar como um fio de pesca. Isso leva bebês a terem seus dedos amputados. O pênis também pode ser afetado".
"Se o seu bebê está mais irritado do que o normal, dê uma boa checada se está tudo certo. Se você notar algum fio de cabelo, deveria ser fácil de tirá-lo, mas se não for, procure assistência médica imediatamente".
Segundo o angiologista Bruno Naves, a síndrome do torniquete pode afetar adultos também. Ele destaca que, por ser chamada de "síndrome", trata-se de um conjunto de sintomas, e não uma doença; já o "torniquete" remete a qualquer objeto que circunde e aperte alguma parte do corpo, como anéis em adultos. Assim, a circulação do sangue fica obstruída.
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