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Surtos no interior deixam Capital em situação exemplar de controle da covid-19

Infectologista atribiu situação a controle imediato de casos importados e economia essencialmente de serviços

Média 19 casos por semana levou Capital a flexibilizar comércio (Foto: Fly Drone) Média 19 casos por semana levou Capital a flexibilizar comércio (Foto: Fly Drone)

Campo Grande apresenta situação controlada de contaminação do novo coronavírus, mesmo sendo a primeira cidade com casos confirmados em Mato Grosso do Sul. Os gráficos elaborados pela reportagem do Campo Grande News compravam curva média de casos muito abaixo da verificada no Estado.

A situação pode ser explicada por diversos fatores. Desde as medidas imediatas tomados diante da confirmação dos primeiros casos até a predominância de economia baseada em serviços, que exige menos contato físico com pessoas de outros estados. Os surtos no Interior do Estado, no entanto, foram preponderantes para tornar a situação da Capital exemplar, na avaliação do infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda.

Mesmo com população de 885,7 mil habitantes, Campo Grande responde por menos de 30% dos casos confirmados. Até esta quinta-feira, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) contabilizou 613 pacientes diagnosticados com o novo coronavírus no Estado, sendo apenas 181, na Capital.

Conforme Croda, a situação na cidade é tranquila e poderia ter se mantida assim nos outros municípios. “Mato Grosso do Sul explodiu as custas do Interior. Vivemos no momento três surtos. Chamamos surtos porque surgiram a partir de casos importados de outros estados que disseminaram a doença”, explicou.

Ajudaram a engordar casos da doença no Estado, nas últimas semanas, os surtos nas regiões de Guia Lopes da Laguna, em Dourados, com confirmações nas aldeias indígenas; e em Ribas do Rio Pardo. Em questão de dias, os três municípios passaram a figurar entre os dez com maior incidência da doença no Estado.

“Todos estes três surtos estão relacionados a frigorífico. É interessante, porque são pessoas trabalhadoras dos frigoríficos, que vieram de outro estado, infectaram muitos outros trabalhadores das unidades. Estava tudo tranquilo, até chegar os casos importados e disparar os números no interior. Então é bom que as empresas tenham um plano para a contenção desse surto”, alertou.

Bastou uma semana para que os casos do Estado saltassem de 385 para 613. Até a semana 10, a média de registros era de 47,6 a cada sete dias. Na Capital, na última semana, houve aumento de 26 casos. A média anterior era de 19 a casa sete dias.

Júlio ressalta que a grande diferença entre as estratégias de prevenção adotadas na Capital, em relação ao Interior está no controle de pessoas externas. “Toda grande epidemia começa com casos importados. Em algum momento, Campo Grande conseguiu controlar os casos importados iniciais. Diferente do interior, onde esses casos preponderaram na última semana”.

O predomínio de uma economia baseada no setor de serviços, conforme o infectologista, também ajuda a limitar a contaminação. Tal atividade, apesar de exigir contato direito com o público, não se desenvolve necessariamente com agentes externos. Indústrias como os frigoríficos e fábricas de celulosa, presentes de forma predominante em municípios do interior, ao contrário, trabalham essencialmente com a exportação de produtos para outros estados.

A covid-19 matou 16 pessoas em Mato Grosso do Sul, sendo cinco na Capital e o restante no Interior.

No Brasil, o número de casos confirmados ultrapassa os 245,5 mil, sendo 16,3 mil mortes. No Mundos, são 4,7 milhões de casos, sendo que 316,7 mil pacientes foram a óbito.

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