Saúde

Tratamento que previne HIV está associado a redução no número de novos casos, diz estudo

Pílula do medicamento Truvada, usado na profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV — Foto: Paul Sakuma/AP Pílula do medicamento Truvada, usado na profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV — Foto: Paul Sakuma/AP

A implantação rápida, direcionada e de alta cobertura da profilaxia de pré-exposição (Prep) para homens que fazem sexo com homens foi associada a uma redução de 25% no número de novos casos de HIV em um ano em New South Wales, Austrália), de acordo com um estudo publicado no jornal científico "The Lancet HIV".

Os diagnósticos em homens que fazem sexo com homens em New South Wales reduziram de 295 casos no ano anterior à implantação da PrEP para 221 casos no ano seguinte - os níveis mais baixos registrados desde o início da vigilância do HIV em 1985.

O declínio foi maior para infecções recentes por HIV (declínio de 32%, de 149 casos para 102 casos). Esses declínios foram maiores em homens com 45 anos ou mais, homens nascidos na Austrália e aqueles que viviam nos bairros gays de Sydney.

O estudo acompanhou 3.700 homens que haviam recebido a PrEP como parte da implantação do tratamento na região. Neste grupo, a incidência de infecção pelo HIV foi inferior a 1 em 2.000 por ano, em comparação com uma incidência esperada de 2 por 100 por ano ou mais, na ausência de PrEP.

Ensaios clínicos randomizados demonstraram previamente a eficácia da PrEP. Além disso, modelos matemáticos previram que a PrEP pode ter um impacto grande e rápido se implementada rapidamente e com alta cobertura para pessoas em risco. No entanto, estudos empíricos para confirmar a eficácia do nível de população da PrEP ainda não tinham testado estes achados.

O estudo em New South Wales foi possível devido ao sistema de vigilância existente para infecção recente por HIV na área, o que permitiu aos pesquisadores documentar rapidamente o efeito no nível da população da PrEP. Ele ilustra os sucessos possíveis com a implantação efetiva da PrEP.

Embora vários países, incluindo EUA, França e Inglaterra, tenham aprovado a PrEP para o HIV, a absorção até recentemente foi lenta e geograficamente desigual.

"Nossos resultados apoiam a eficácia em nível de população da PrEP um ano após a implementação rápida da PrEP em escala", diz o professor Andrew Grulich, do Instituto Kirby da UNSW em Sydney.

"A PrEP é uma abordagem preventiva altamente eficaz quando implementada juntamente com altos níveis de testagem e tratamento do HIV. A implantação deve ser priorizada como um componente crucial da prevenção do HIV em epidemias que afetam predominantemente homens que fazem sexo com homens".

O estudo recrutou 3.700 participantes com 18 anos ou mais de 21 clínicas em New South Wales. Todos os participantes do estudo tinham alto risco de infecção pelo HIV e receberam PrEP gratuitamente. O teste de HIV foi realizado um e três meses após a inscrição no estudo, e depois a cada três meses.

Entre os 3.700 participantes, 3.645 (99%) receberam a PrEP ou fizeram o teste de HIV pelo menos uma vez durante o acompanhamento. Durante o estudo de um ano, apenas dois homens foram infectados pelo HIV e esses homens não tinham aderido à PrEP.

Os autores descobriram que a adesão à PrEP era alta. No entanto, aproximadamente 30% dos participantes tinham adesão abaixo de 80%, mas isso também poderia indicar o uso da PrEP sob demanda ou a suspensão da PrEP após um período de comportamento de alto risco.

Em comparação com outros contextos internacionais, a implantação do PrEP em New South Wales foi mais rápida e com maior cobertura - atingindo a meta inicial de 3.700 participantes em PrEP em oito meses. Doze meses depois, o estudo tinha 7.621 participantes. No final do estudo, 9.714 pessoas estavam participando.

Prep no Brasil

Em dezembro de 2017, o governo brasileiro passou a disponibilizar no Sistema Único de Saúde (SUS) a terapia PrEP, que, por meio de um comprimido por dia, previne a infecção pelo HIV. Inicialmente, o remédio só foi disponibilizado para pessoas que são consideradas parte dos grupo mais vulneráveis ao HIV como profissionais do sexo, casais sorodiscordantes (quando um tem o vírus e o outro não), pessoas trans e homens que fazem sexo com homens.

O medicamento usado no Brasil é o Truvada. O medicamento não barra a entrada do vírus no organismo, mas age no seu processo de multiplicação dentro das células de defesa.

De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, nos últimos dez anos o Brasil registrou 194.217 casos de infecção pelo HIV.

 

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