Tecnologia e Ciência

Setor de energia eólica busca alternativas no mercado livre

Com o espaço reduzido nos leilões do governo, a indústria da energia eólica pode encontrar na autoprodução e no mercado livre oportunidades para desenvolver projetos. A expressiva queda do preço de geração eólica a partir de 2009 chamou a atenção das grandes indústrias, que buscam reduzir as despesas com energia. Esse movimento ganhou força com as mudanças regulatórias da MP 579.

Prova dessa tendência foi o anúncio da montadora japonesa Honda, no mês passado, de construção de um parque eólico de 27 MW de capacidade em Xangri-lá (RS) para suprir toda a demanda de energia de sua fábrica de automóveis em Sumaré (SP). O parque, que consumirá R$ 100 milhões, vai entrar em operação em setembro de 2014 e será o primeiro investimento da Honda desse tipo no mundo.

Além disso, a quantidade de clientes livres que só podem comprar energia de fontes alternativas não para de crescer e alcançou o recorde de 1.136 consumidores em maio deste ano.

Se no primeiro momento a leitura sobre a MP foi negativa para as fontes alternativas, o que se observa hoje é um setor mais otimista. Ao transformar a energia barata das hidrelétricas amortizadas da Cesp, da Copel, da Eletrobrás e da Cemig em cotas e repassá-las às distribuidoras, o governo diminuiu a oferta para os consumidores livres.

“O número de players no mercado livre foi reduzido”, afirma o diretor financeiro e de relações com investidores da Renova Energia, Pedro Pileggi. A Renova é o veículo de investimentos em energias renováveis da Light, controlada pela Cemig.

Segundo o executivo, esse movimento provocou uma mudança estrutural no mercado. Anteriormente, a energia eólica era tomadora de preços em razão da maior competitividade das hidrelétricas existentes.

Com a saída dessa oferta e a queda do preço de geração da eólica, isso mudou. “Hoje, a eólica ajuda a formar os preços dos contratos negociados no mercado livre”, diz Pileggi. Levantamento da EPE mostra que o valor médio da venda da eólica nos leilões é de R$ 137,01/MWh, comparável aos R$ 140/MWh que a Eletrobrás pagou pela energia de Jirau (RO).

Outro sinal positivo é a mudança no cálculo da energia no mercado de curto prazo, o chamado preço de liquidação das diferenças (PLD). A nova metodologia incorporará o custo das térmicas acionadas por segurança energética, o que elevará o valor da energia.

O grande desafio para os projetos eólicos é equacionar o financiamento. O BNDES exige contratos de venda de energia de longo prazo, em torno de 16 anos. Isso contraria a lógica das grandes indústrias, que preferem contratos de menor prazo.

Essa questão tem dificultado os projetos de empresas de menor porte, já que os maiores grupos de energia conseguem compor um portfólio de contratos por meio de suas comercializadoras, que permitem acessar os bancos de fomento. Para superar o entrave, a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Élbia Melo, diz que os produtores independentes estão buscando acordos de venda de energia dos projetos para os grupos de maior porte, para viabilizar o financiamento.

fonte: O Progresso

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