Telemarketing, familiares e ambiente de trabalho são os principais motivos de queixas
Com as facilidades na comunicação por meio da internet, está cada vez mais difícil registrar País afora, cenas de pessoas com um aparelho celular no ouvido. As ligações indesejadas, que na maioria das vezes, partem dos setores de telemarketing de empresas privadas, têm evidenciado uma categoria cada vez mais numerosa de gente que odeia atender o telefone.
A promotora de vendas Juliana Moraes Alexandre, 22 anos, é uma dessas pessoas que pegou ‘ranço’ de ligação, tanto pelo receio das ofertas quanto pela liberdade ao se comunicar, como no ambiente de trabalho, por exemplo. Praticamente toda comunicação dela é feita por mensagem de texto. “Só atendo se eu conhecer mesmo, porque a maioria das ligações é para encher o saco com promoções.
Pelo Whats [aplicativo de conversa], a gente tem nossa privacidade e tempo para resolver, como e quando quiser. Não sou obrigada! Aqui, a gente não precisa se socializar, pois eu respondo quando e se eu quiser. Minha notificação de leitura da mensagem, por exemplo, já desativei”.
A supervisora de vendas Selma Nunes, 29 anos, também não atende chamadas, somente quando tem o número salvo na agenda. Ainda repudia o envio de mensagens de voz, no entanto, é a favor do aviso de recebimento da mensagem de texto. “Acho que é falta de respeito não deixar que a pessoa possa ver o recebimento da mensagem. Pode até levar um tempo, mas acho que tem que responder”, frisou.
A consumidora Lucineia de Oliveira Silva, 57 anos, é uma dessas pessoas que não gostam de atender ligações com oferta de produtos e serviços. Se recusa a falar quando não identifica de onde parte a chamada e se preocupa mais com as ligações feitas por membros da família. “Só atendo mesmo quando é meu marido ou minhas filhas ou quando estou aguardando por alguma ligação importante, neste caso, já terei na agenda do meu telefone. É muita ‘amolação’ para oferecer cartão de crédito e outros tipos de produtos. E quando é da minha parte, só faço ligação para coisas mais rápidas”, explicando o motivo do telefonema que realizava e foi flagrado no momento em que nossa equipe a abordou.
Do outro lado da linha, estava a filha, Geisiely Oliveira, 32 anos, que estacionava o carro enquanto a mãe aguardava na fila do banco. Ao contrário da mãe, ela costuma atender a todos os chamados, mesmo desconfiada de que seja alguma oferta indesejada. “Atendo, porque tenho a curiosidade para saber quem é, mas acabo me enganando, porque quase sempre é tentativa de venda”.
Mas não é só a chamada que parte do telemarketing que tem causado um certo tipo de fobia entre usuários de telefonia. Com acesso cada vez mais fácil nos aplicativos de conversa, como WhatsApp e Telegram, o simples fato de ter que falar ao telefone parece ser o motivo de muitos quererem fugir das ligações.
É o caso da construtora civil, Erica Haufes, 22 anos, que afirma ‘odiar’ ligações e que prefere se comunicar por mensagens, principalmente quando precisa resolver alguma situação mais importante.
“Não gosto de resolver nada por telefone, prefiro por texto, porque não preciso ficar me explicando. Já com o pessoal mais velho, como pai e mãe, a gente entende porque eles são de outra geração. Eles, sim, gostam de ligar”. No entanto, ela também falava ao telefone enquanto aguarda em frente ao salão de beleza. “É raro alguém me ver ao telefone, agora, estava falando com meu marido, que vem me buscar. Só liguei porque não tinha outro jeito, ele não gosta de usar o Whats”, relatou.
O marido, Felipe Oliva, 35 anos, também construtor, é o caso oposto e declarado como ‘sem filtro’ ao fazer ligação para todo mundo. Com mais de 4,2 mil contatos na agenda, não gosta de mensagens. Ele não perde tempo para passar a mão no telefone e a qualquer hora do dia, fazer uma chamada. Por causa da profissão, diz que precisa atender a todos e que também prefere o contato instantâneo ou mesmo pessoalmente.
“Desta forma, a gente resolve tudo mais rápido. Atendo a todas, porque não gosto de WhatsApp. Se for me fazer um convite para um churras, por exemplo, tem que ligar”, brincou.
O ambulante João Ferreira Rosa. 79 anos, ambulante, não tem telefone com acesso à internet, porque diz não gostar e ainda acha caro o serviço.
Além disso, diz que a pessoa quando faz ligação, expressa mais sinceridade. “Acho que falar é muito melhor, porque passa mais confiança. As pessoas de hoje estão vivendo no aplicativo e não se falam mais na vida real”. Quando questionado sobre quem recebe suas ligações, ele confessa. “Meus filhos reclamam e dizem que enche o saco.”
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