Imagina só a cena: alguém resolve fazer uma aventura de bicicleta com um amigo, mas a bike quebra numa entrada sem movimento. A situação é recorrente e carece de ajuda na maioria da vezes para voltar para casa.
Foi vivendo essa experiência que Luiz Carlos Gomes da Silva, de 54 anos, resolveu montar um serviço de resgate para ciclistas ou bikeiros. Quase como um motorista de aplicativo, o cliente liga e ele vai de minivan "salvar" o aventureiro.
"Quando aconteceu comigo, era meio-dia, sol a pino, estava sem água, sem remendo e ninguém que pudesse chamar para fazer o meu próprio resgate. Tive que ir a pé, empurrando a bike até Campo Grande. Pelo menos o trajeto me deu a oportunidade de já ir matutando a ideia na cabeça. Afinal, não existia nenhum tipo de serviço como o que eu gostaria de propor", ressalta.
Chegando em casa, banho tomado, água bebida e estômago forrado, Carlos rascunhou a ideia no papel. Funcionaria da seguinte forma: dentro do perímetro urbano, o valor cobrado de ida/volta seria o mesmo de outros aplicativos de mobilidade urbana. Caso contrário, o usuário estando em zona rural ou fora do perímetro urbano, o resgate seria calculado em uma tabela especial levando em conta as distâncias, tipo de terreno, e condições climáticas.
Para isso, Carlos teve de investir pesado. "Adquiri uma minivan no valor de R$ 25 mil, fora o aluguel de espaço para a empresa, regularização legal, levantamentos de dados e gastos administrativos", revela. Nesse meio tempo, em quase 1 ano com a marca "3CG Trekking – Bike Rescue", Carlos já salvou muita gente do apuro.
"O que mais chamou a atenção foi quando uma amiga que é referência no ciclismo me ligou para resgatar ela e sua colega. Foi bem depois de Várzea Alegre, na BR-262. O dia estava muito seco e o sol escaldante. Peguei as duas e fizemos uma parada no posto da cidade", conta.
"Quando estávamos de saída, um outro amigo de pedal nos informou que haviam dois ciclistas perdidos a mais de 30 quilômetros no sentido de Piraputanga. Abasteci o carro e saí à procura dos dois. Quase desistindo de procurá-los, encontrei ambos em estado de desidratação. Eles nem acreditaram no que viram. Meio que salvei a vida dos dois, mas ainda bem!", comemora por não ter presenciado uma tragédia.
Carlos explica que geralmente os resgates são realizados em estradas não-pavimentadas da zona rural mesmo. "Tenho que levar em consideração a manutenção e desgaste do veículo, tipo de pavimentação da estrada – se é piçarreira, arreial, lamaçal, etc. – e mais. O serviço ainda é pouco conhecido, mas a clientela já fica satisfeita por poder contar com esse apoio", diz. A maior viagem remunerada foi no trecho Arara-Canindé em Terenos, a 50 km de Campo Grande. O valor ficou em R$ 120.
Em pleno funcionamento, Carlos afirma que ainda está faltando poucos ajustes que ainda serão realizados a curto e médio prazo.
"Quero ir al[em, lançar produtos como apoio para treinos de equipes federadas e não-federadas ou até para grupos de passeios. Ainda, montar um esquema de passeios de 'biketour', transporte de bike para bicicletarias e eventos ciclísticos e também fazer um próprio seguro-atleta e seguro-turismo para ciclistas que, vez ou outra, enfrentam uma situação adversa e precisam do resgate", finaliza.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.
Comentários